quarta-feira, 10 de dezembro de 2003

Coisas estranhas vêm acontecendo nesse pedaço bizzarro do mundo humano. Perdas irreparáaveis são esquecidas num segundo. Vidas jogadas fora não são mais matéria para algum jornal, assunto para um ou outro ensaio. No dia seguinte, todos voltam aos seus lares, ao trabalho, o qual poucos sabem para que serve, e ainda menos têm argumentos sustentáveis, voltam para a monotonia de seus lares, apenas para fugir de novo durante a madrugada, para um mundo mais interessante, onde as coisas acontecem, independente do mau humor do seu psi, do seu filho, irmão, amigo, colega. Fogem usando métodos estranhos, pouco dignos e muito ineficientes, mas tão desesperados estão os pobres humanos na sua corrida contra o mundo que nem reparam a esteira que teima em levá-los para trás, sempre para o mesmo ponto onde estavam antes. Apenas quem conseguir correr mais rápido que a esteira faz algum progresso, e mesmo assim, não pode parar jamais se não quiser jogar fora todo o seu esforço. Eles não reparam que o verdadeiro caminho não é correr contra a esteira, mas para fora dela. É lá fora, lá embaixo, depois da temida e, devo dizer, dolorosa, queda que está o chão firme, macio, em que se pode pisar sem temer, no qual se pode andar livremente.

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