terça-feira, 6 de fevereiro de 2007

Como não querer, e querer que não — como não?

Eu me pergunto, na verdade, se eu cometi um erro dando tanta trela à minha indecisão — ou se foi, ao contrário, a fortuna que me trouxe até aqui. Eu poderia ser como meus irmãos, fazer FAU, projetar, dar continuidade à dinastia faui, eu poderia me imaginar tardes sem fim subindo em árvores naquele campus matoso, confuso, selvagem (e belo). Mas não, não, acho que é difícil demais abdicar disso que só comecei a começar, quando as pessoas que conheci são fascinantes, quando os professores são bons, e o campus... ah, não é preciso falar do campus. Será que eu não conseguir abdicar desse luxo significa que eu sou fraca? Ou eu querer seguir minha vontade em uma situação que vai definir parte do meu futuro é uma demonstração de determinação e força? Será que meus dois irmãos estarem na FAU não é um motivo idiota pra eu querer fugir de lá? Será que a gratuidade da USP não é um motivo idiota para eu querer estudar lá? Você acha que alguns Macs, alguns estágios e algumas matérias interessantes (e talvez, em algum grau, um grande "A" montado na frente do prédio) justificam a grana e a luta por ela? E eu me pego distraidamente conjecturando absurdos, imaginando se é possível estudar de manhã e à noite e trabalhar à tarde. Acho que cansei de brigar com o dinheiro. Quero provar, pra mim mesma, talvez, que sou capaz de batalhar (por quê? por quê?) e até mesmo vencer. Que posso me dedicar, me esforçar, valer alguma coisa. Eu ter passado em 1o lugar, eu ter feito 73 pontos, eu saber o que é o sistema binário, nada disso justifica meu à-pampismo barato. No mundo capitalista, é preciso muita coragem pra não ser o melhor e ainda se sentir bem consigo. Não que eu goste desse mundo, mas — algum dia, eu gostaria de pensar que fiz o melhor que pude, e que pude muito. Quero valer o que você acha que eu posso valer.

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