sexta-feira, 6 de outubro de 2006

Como dedos leves lentamente despertando as vibrações das cordas do piano

Assim me tocas -- desperto; sonho.
E meus pés nubígenos carregam-me irrefreáveis por uma escalada de decisões determinantes.
Alegro-me, e nada digo, com os pés firmes na estrada. Só um pensamento vago -- tempo, pressa, é fim de dia -- me distrai em minha empreitada. Alcanço meu objetivo, mas tudo parece estranho. E passa o dia. E chegas então. Tudo muito silencioso.

Durante dias hesitei entre o que parecia óbvio e o que eu sabia com certeza. E creio que escolhi o caminho mais incerto, pelo que pago com mêdo e saudade. E quero-te! Tanto, que evito tocar-te, que. Estou olhando: a cidade lá fora, o vento frio, as nuvens que anunciam chuva. E breve irás embora. Sumo-me, respiro, e volto para dentro, onde hei de vos fazer sorrir, aos dois, e vós a mim. Um agradabilíssimo fim de tarde, um como há muito não havia. Mais dias assim, eu peço. Queria estar eternamente ao teu lado, mas...

Acontece que em meu coração resta o desejo de dizer tudo, tudo de que apressado me privaste. Longos discursos assim, mas que não ouvirás, nem mais existem. Todas as razões de tudo. Como poderei então dizer o que é que me faz partir agora? Agora que era minha chance de te ter aqui, perto? Agora... Agora, de que é feito o teu mêdo? Me assustas tanto por quê? E foges... e me persegues, e me confundes, e.
"Nunca imaginara tanta roupa preta."
Por que me escapas, toda vez, entre os dedos? E murmuro, sussurro, sonho, sigo: espero um sinal, qualquer coisa, uma chave para que eu decifre finalmente teus gestos despercebidos...

Quero outras sextas-feiras como esta! Quero esta vida, mais e mais. Mergulha meu coração em mêdo de amanhã, amanhã que partirei, quando devia ficar, mas...! Mas pertirei. E cubro-me de um luto por mim mesma -- é algo irrecuperável, por outro algo que seria igualmente irrecuperável. Afinal descanso e sigo.
Sigo com minha decisão.




Me mostras a chave do teu mundo, amor? e nos reensinaremos a viver...

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