quarta-feira, 20 de abril de 2005

Outono

O mundo está todo esquisito. O tempo, meus caros amigos, está todo confuso.
O tempo não. Está apenas irrelevante. Na verdade tudo é irrelevante. Tudo, Cada pedacinho.

O Yuri me mandou um e-mail ontem. Um e-mail no qual ele dizia que não entendia essa coisa com a guerra e o sangue que eu tenho. Eu odeio a guerra. Parece-me uma corrupção de tudo o que é belo e justo. A guerra não tem beleza. A única vantagem da guerra é que ela dá bons filmes, e tristes.

Brasileiro é um povo meio pacifista, quando não tá de arma na mão e não tá na fissura, na paranóia. E o Yuri é brasileiro, assim como todo brasileiro deveria ser: gosta de futebol (torça pro Palmeiras), toca trenzinho do caipira, conversa com qualquer um que se apresente, fala brasileiro, é super boa praça, ouve MPB, gosta de rock nacional e de música clássica, se dedica a aprender, a ser meio criança, ri da vida, é generoso, é simpático, é desonvolto, é alegre. Só não sabe jingar com jeito, mas aí... Dança também, sabendo ou não dançar. O Yuri é fofo. É lindo.
Parece que ele sempre vai ser criança. Que ele sempre foi criança. Eu, quando tinha sete ou oito anos, achava normal me chamarem de criança mas não me considerava mais na infância. Era uma menina esquisita. As pessoas costumam me chamar de fofa, de bonitinha, de pequena, de alegre, de dançante, de viajante, de burrinha, de poeta, de distraída, de má, de doida, de esquisitinha, mas acho que eu não acharia muito estranho se me chamassem apenas de esquisita. Acho que eu tento ser uma pessoa ideal, mas falho nesse aspecto, tirando D, perdendo meus amigos ou abandonando-os no recreio, me irritando por coisas idiotas, não entendendo as coisas, estando sempre aquém do que acho que quero ser. E o pior é que eu sei que, quanto mais sincera eu tentar ser, mais as pessoas vão virar para mim com aquele olhar de quem me ama e dizer que eu falo coisas muito tolinhas às vezes; e tudo que eu sinto é uma letárgica e tola inveja, dessas pessoas que não são tolinhas como eu, essas pessoas que sabem pensar, que sabem responder às perguntas da Antonieta e não têm medo de falar bobagem (até porque não têm que ter). Da próxima vez eu escrevo na prova "Não sei, eu sou idiota", mas, porra! eu não sei quem é Chico César, eu não sei jogar futebol, eu não sei lidar com as pessoas nem fazer amigos, eu não sei manter amigos eu nem sei o que diabos é a amizade, tudo o que eu sei é que as abelhas são animais haplóides-diplóides e e=mc² e no romantismo as personagens se assemelham aos estereótipos e as cordas do violino emitem um som bonito quando o yuri toca...

Os dias estão ficando mais frios, e meus coração não sabe a diferença entre o dentro e o fora, o passado e o presente, o amor e a indiferença. As pessoas vão viajar mas eu só percebo no dia, depois esqueço, porque as pessoas sempre vão viajar, e quando elas voltam é como se houvesse se passado apenas mais um domingo, não me importa mais o quanto você me ame, eu simplesmente vou lembrar de você um dia, um segundo, depois vou esquecer de novo... O mundo está tão estranho...

as pessoas falam coisas para dizer que me amam, e evidentemente eu me sinto muito digna desse amor, mas às vezes não acho motivo pra me convencer de que é um amor com respeito (não digo que não seja...). Parece que me amam porque me amam, mas o Artur simplesmente me ataca como se simplesmente eu fosse mais burra e feliz do que o que ele esperava de mim ( e eu não o culpo...); a Chris que vive dizendo que me adora diz que todos os caras por quem eu me apaixono ou que se apaixonam por mim são iguais, mas não é verdade, eles não são iguais e não são os únicos, e no tempo em que os boys se apaixonarem pelas freaks (como bem diz a dédé) o meu mundo vai ser mais feliz mas eu sinceramente sinto falta da liberdade, das idiotices, o mundo é idiota, convencido, rude. E o Yuri diz que eu penso umas idiotices às vezes quando eu falo que me sentia inútil mesmo o time perdendo de 12 a 2 ou sei lá e o quê eu poderia fazer, eu nem sei jogar futebol, nem basquete, nem porra nenhuma, nem pensar ou lembrar das coisas; deixo isso pra vocês, Yuris, Diogos, Artures. Eu sei que eu tinha que ser útil porque o meu time estava perdendo, mas eu não sabia como, eu mal sei roubar bola e chutar que são coisas fáceis, quanto mais conduzir e driblar que é difícil e parar a bola que é meu verdadeiro fraco... Então eu tive que pensar e me convencer de que eu podia fazer alguma coisa, eu tinha que fazer alguma coisa, e fui lá e atrapalhei um pouco pra não dar tempo de elas fazerem gol antes do tempo acabar. E aí o tempo acabou, mas acho que elas só não fizeram gol porque a gente tava sem goleiro.

Está escurecendo. Hoje o mundo estava meio silencioso.
Eu estou chorando. Chorando.
Não sou mais poeta pra você me admirar, não sei tocar, não sei jogar.
Acima de tudo não sei mais quem são meus amigos, e acima de tudo não quero saber.
Cartas de amor não me causam qualquer comoção, mas talvez seja apenas porque o amor agora não existe mais, posso dizer que o que sinto agora é amizade[o que provavelmente é uma coisa boa, já que eu sou uma menina comprometida, sinceramente eu amo meu namorado, mas às vezes minha própria insensibilidade quanto ao sofrimento alheio me incomoda...]
Tenho medo de conversar com as pessoas.
Tenho medo.
Eu já disse que uma pessoa verdadeiramente fel9z devia ser capaz de dar um sorriso sincero e pensar ao mesmo tempo...
Chega. Vou fazer alguma coisa de útil.

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