Minha grande questão com a minha sexualidade no momento é encontrar ginecologista com quem eu consiga falar sobre isso. Eu não fico muito confortável com o gineco da família, um homem branco engravatado, presumidamente hétero, indicado por minha mãe. Minha mãe que cada vez maos tenta me converter à monogamia, e que não acredita que eu seja bi. Eu tenho que explicar pra ela que ela não tem poder sobre a minha orientação sexual.
Eu tenho duas orientações sexuais, porque uma é ser bi, outra é ser poli. Essas duas coisas têm impactos muito semelhantes na minha vida. Eu tive que sair do armário sobre cada uma delas, porque afinal, essas duas coisas determinam como vai ser a estrutura da família que eu vou formar, né. Dado que ambos minha irmã e meu irmão são pessoas hétero e monogâmicas, eu sou tipo o patinho feio da família. Minha mãe acha que eu vou sofrer horrores. Ela prefere imaginar que eu vou espintaneamente "me curar" dessas coisas, eu acho. Não que ela diga isso. Mas ela acha que eu só não sei o que estou falando.
Eu sempre fui bi, eu sempre fui poly, e minha vida só melhorou depois que eu admiti essas coisas e passei a viver de acordo. Sair dos armários foi a melhor coisa que eu já fiz. Por outro lado, isso criou uma ruptura entre a minha vida social aberta e fora do armário, e a minha vida familiar, onde sou supostamente hétero e mono como as outras pessoas. Dada a importância das orientações sexuais para a vida familiar, não admira muito que seja tão mais difícil se abrir para a família que para os amigos, e que tantas pessoas não-hétero e não-mono vivam uma vida dupla, escondendo sua vida pessoal da família, ou mesmo que se afastem da família para poder viver a própria vida. Eu muitas vezes sinto que vivo uma vida dupla, dado quão pouco meus familiares sabem sobre mim, sobre o que eu faço e penso; é incrível o quão pouco eu consigo falar quando estou em família, mesmo com as crianças. Eu queria poder ser algum tipo de exemplo para as crianças, mas eu acho que tenho muito mêdo e insegurança que me impedem de ensinar qualquer coisa a elas. Parte disso é que meus ideais sejam considerados absurdos por uma porção tão grande da minha família.
Uma vez minha prima me perguntou o que minha mãe achava de eu ser bi, e eu não entendi a pergunta, porque minha mãe não parece achar nada. Ela parece que nem considera a hipótese de eu ser bi. Não importa que eu tenha falado para ela com todas as palavras pelo menos duas vezes.
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