sábado, 23 de agosto de 2014

Conseqüência

Ontem eu assisti Maleficent, que foi a surpresa cinematográfica mais agradável dos... Hm possivelmente de toda a minha vida. Talvez o relato a seguir seja conseqüente disso.

---

O Condado era habitado majoritariamente por hobbits e saiajins, que viviam em perfeita paz e harmonia; porém, nas baías e istmos ao sul (que pareciam suspeitamente com a Cajaíba) haviam muitas comunidades de fadas, unicórnios, cavalos mágicos voadores, animais falantes e outras criaturas maravilhosas. As pessoas das cidades humanóides do Condado nem sempre acreditavam na existência dessas criaturas, muito embora elas visitassem suas cidades, às vezes passando despercebidas e influenciando suas vidas em segredo, outras lançando encantos e maldições desses que dão origem a contos de fadas. Mas vocês sabem que hobbits não são muito chegados a ter aventuras acontendo com eles. E os saiajins por seu lado não conseguiam entender a natureza pacífica e fabulosa das criaturas-fadas.

Mas tudo mudou quando grandes furacões e tempestades surgiram no Mar do Sul, derrubando árvores e casas e destruindo os lares das criaturas-fadas. Ondas gigantes carregavam pequenos animais para o mar aberto, morros desmoronavam sobre comunidades indefesas, e só sobreviveram aquelas criaturas que conseguiram escapar para as regiões mais centrais do Condado. Eu ajudei como pude, investindo todas as minhas energias em trazer duas criaturas queridas, uma égua alada (ou talvez fosse Asa Dourada?) e um centauro jovem que podia ter asas em seu dorso se precisasse (talvez um Unicórnio de Ziget?). Eles usaram suas asas para nos levar à frente das ondas terríveis. Durante o percurso muitas vezes tivemos que nos segurar uns nos outros; uma vez eu tive que agarrar o Unicórnio pelas duas mãos e puxá-lo com toda a força para que ele não fosse engolido por um abismo de onde um vento terrível o puxava para trás. Quando finalmente escapamos das ondas, eu ordenei que ele se livrasse das asas, porque os ventos poderiam levantá-lo por elas assim como uma tempestade destrói as velas de um navio no mar. A pégaso recolheu as suas o melhor que pôde, e seguimos juntos enquanto eu chamava todos os animais falantes com quem cruzávamos, afinal sobreviveríamos juntos. Conseguimos nos abrigar em uma cidade onde algumas construções mais resistentes abrigavam os sobreviventes -- porque as tempestades havia fustigado todo o Condado, e os hobbit (e saiajins) também haviam sofrido. Os sobreviventes eram poucos, e as instituições haviam ruído; todos se abrigavam num grande prédio que talvez tivesse sido um colégio ou uma universidade, e alguns homens mais velhos tentavam estabelecer regras e um comando que desse estrutura à sociedade. Por outro lado, alguns saiajins jovens, avessos à ordem, decidiram que, na falta de uma polícia para impôr conseqüências ao seus atos, eles podiam fazer quais maldades eles quisessem, e formaram uma gangue que aterrorizava e abusava dos outros sobreviventes. Por nossa vitalidade e experiência eu e meus colegas rapidamente nos tornamos um substituro precário de uma força policial, enfrentando e afinal capturando esses delinqüentes quando eles tentaram nos atacar. Nós levamos eles às salas de aula onde as pessoas tentavam estabelecer conselhos improvisados, e discutimos como fazê-los parar de atormentar as pessoas mesmo depois que soltássemos suas algemas (afinal não poderíamos manter nossos únicos adolescentes saiajins sob custódia permanente).

Outro problema era que os cidadãos se recusavam a acreditar na existência das criaturas-fadas que chegavam à cidade. Mais de uma vez um hobbit incrédulo veio questionar minha sanidade por eu estar conversando com meus amigos. Logo nas primeiras horas depois de chegarmos eu localizei um pequeno conselho em um antigo auditório: cinco ou seis pessoas que haviam tido certa influência tentavam discutir quais atitudes tomariam. Eu me juntei à discussão e assim que eles aceitaram minha autoridade eu chamei à palavra um líder dos roedores, um senhorzinho roedor de bastante idade, sabedoria e experiência. A reação dos conselheiros foi de choque e incredulidade, pois o meu companheiro saiu de debaixo de uma mesa e escalou os móveis com suas patas ágeis para discutir face a face comigo o futuro dos nossos povos. Alguns hobbits se revoltaram, decidindo que eu era uma pessoa louca por falar com ratos, mas a atitude serena e indubitavelmente compreensiva do meu companheiro acabou convencendo-os de que ele era um líder tão inteligente e capacitado quanto cada um de nós, e que o povo dele era tão racional quanto o nosso (senão mais). Ao longo dos dias mais e mais vezes ouvi hobbits e saiajins incrédulos por eu estar falando com bichos, mas todos eles acabavam aceitando a presença dos animais falantes. Havia porém uma porção dos cidadãos que era contrária a presença dos animais falantes na cidade, e esses queriam caçar meus companheiros, talvez até organizar grupos de caça. Por causa disso, tive que me dedicar a proteger as vidas deles, e me tornei uma espécie de intermédio militar entre os dois povos, enquanto o líder roedor se estabelecia como uma influência política. Eu tenho certeza que a longo prazo conseguiremos reerguer esta cidade com um povo misto de humanóides e criaturas fadas. Ainda não tivemos notícias do resto do Condado, mas, quem sabe? Talvez haja outras cidades, com mais sobreviventes, e talvez essa tragédia dê início a uma nova era de convivência entre os povos.

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Proposta de roteiro

O filme começa com um garoto aborígene cuja comunidade está sob ataque dos latifundiários e negociantes brancos. Circunstâncias complexas obrigam o garoto a se infiltrar numa fazenda, onde ele aprende sobre os costumes dos fazendeiros, consegue cargos de confiança e prova seu valor se tornando um negociante e administrador extremamente competente. Ele acaba se tornando herdeiro do dono da fazenda, para a inveja dos filhos legítimos, e quando o dono morre, numa cena extremamente dramática, ele implementa um novo plano de negócios que permite que ele acabe comprando todas as terras ao redor. No final, ele tem que escolher entre sua antiga família aborígene e sua nova família capitalista. De alguma forma muito mágica ele consegue resolver o conflito e trazer a paz, mas acaba morrendo no processo, e as pessoas da cidade nomeiam uma avenida em homenagem a ele.

---

Observação: eu pensei em substituir o protagonista por uma mulher, mas rapudamente descobri que esse plot com uma mulher se transforma em ou O Diabo Veste Prada ou Erin Brockovich -- porque uma mulher conquistar o sucesso é uma coisa muito incrível que merece um filme. Como minha intenção era reverter o plot de <a href:"http://tvtropes.org/pmwiki/pmwiki.php/Main/MightyWhitey">"o homem branco é melhor nativo que os nativos"</a>, não me interessava muito. 

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Sexualidade é uma questão familiar

Meu amigo Pizza disse que sexualidade é justamente aquilo que mais tem a ver com a família porque define casamento, filhos, quem vai fazer parte da família. Concordo plenamente. Acho que não tem nem o que elaborar em cima.

Minha grande questão com a minha sexualidade no momento é encontrar ginecologista com quem eu consiga falar sobre isso. Eu não fico muito confortável com o gineco da família, um homem branco engravatado, presumidamente hétero, indicado por minha mãe. Minha mãe que cada vez maos tenta me converter à monogamia, e que não acredita que eu seja bi. Eu tenho que explicar pra ela que ela não tem poder sobre a minha orientação sexual.

Eu tenho duas orientações sexuais, porque uma é ser bi, outra é ser poli. Essas duas coisas têm impactos muito semelhantes na minha vida. Eu tive que sair do armário sobre cada uma delas, porque afinal, essas duas coisas determinam como vai ser a estrutura da família que eu vou formar, né. Dado que ambos minha irmã e meu irmão são pessoas hétero e monogâmicas, eu sou tipo o patinho feio da família. Minha mãe acha que eu vou sofrer horrores. Ela prefere imaginar que eu vou espintaneamente "me curar" dessas coisas, eu acho. Não que ela diga isso. Mas ela acha que eu só não sei o que estou falando.

Eu sempre fui bi, eu sempre fui poly, e minha vida só melhorou depois que eu admiti essas coisas e passei a viver de acordo. Sair dos armários foi a melhor coisa que eu já fiz. Por outro lado, isso criou uma ruptura entre a minha vida social aberta e fora do armário, e a minha vida familiar, onde sou supostamente hétero e mono como as outras pessoas. Dada a importância das orientações sexuais para a vida familiar, não admira muito que seja tão mais difícil se abrir para a família que para os amigos, e que tantas pessoas não-hétero e não-mono vivam uma vida dupla, escondendo sua vida pessoal da família, ou mesmo que se afastem da família para poder viver a própria vida. Eu muitas vezes sinto que vivo uma vida dupla, dado quão pouco meus familiares sabem sobre mim, sobre o que eu faço e penso; é incrível o quão pouco eu consigo falar quando estou em família, mesmo com as crianças. Eu queria poder ser algum tipo de exemplo para as crianças, mas eu acho que tenho muito mêdo e insegurança que me impedem de ensinar qualquer coisa a elas. Parte disso é que meus ideais sejam considerados absurdos por uma porção tão grande da minha família.

Uma vez minha prima me perguntou o que minha mãe achava de eu ser bi, e eu não entendi a pergunta, porque minha mãe não parece achar nada. Ela parece que nem considera a hipótese de eu ser bi. Não importa que eu tenha falado para ela com todas as palavras pelo menos duas vezes.

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Unsent text

Do you think I'm pretty?

I mean
I know you're not a dyke and all
I swear I'm not still hitting on you
I think I'm over you
Maybe

But are you at least a little bit attracted to me?
I mean I fet it if you don't like cunts
But
I think the thing is
I could ask boys but, I've met so many men in my life that I can't tale them seriously at all
Like all they care about me is tits and cunt and looking cute and I know how to laugh at their jokes like an instinct
They think it's cute that I can think and have opinions
Yeah I know I shouldn't talk about them like that
i think I've met so pany straight men in my life that I can hardly think of them as human anymore
How fuckep up is that
And I mean I was one of those people that defended with all my heart that yes boys and gurls can be friends
But now
I don't even know what that means anymore
Can anyone be friends?
What do you think?

Oh that's my station.

What I am saying, I have a lot of boy-friends still
Haven't I ?
I guess I would have to ask them
I dunno
It's so confusing how political having friends is
How our relationship changes so much according to relationship statuses
Love
Attraction
And how they fight and fuck amongst themselves
I can't keep up
No, really.

The thing is, when I find someone attractive, it's either they are hot as hell or they are so amazing that I can see through the veil of silly preconceived expectations and actually just look at tem, waiting to see what they will do next

That's how it was with you
You were so amazing
That's probably why I got over you, too
It's too hard to be platonically in love with someone who just gets more and more awesome while I... don't.
You were still too far above me
That's the hard thing about you girls.
I could try to imagine that it was just that I found other people who were equally amazing and who liked me back
But
I think I could have been in love with all of you for a long time
My heart is a pretty good juggler
It's a good thing I dropped that one, though
I can probably be a much better friend now
Not that you need me

Anyway
Do you think I'm pretty?
And I don't want a motherly/sisterly answer
Just tell me if... No, wait
Don't tell me
Don't answer that question.

Dam and flood

Ultimamente tenho sentido um impulso de voltar ao que eu era antes, antes de eu sair de casa, antes de sair do armário, antes de aprender as coisas sobre as quais eu mais penso e falo no meu dia a dia. Voltar para a época em que eu não questionava a cisgeneridade e nem a minha heterossexualidade. Voltar para uma época em que minhas dificuldades de hoje em dia não existiam. Às vezes eu me sinto de. Volta, me sinto de novo com doze anos e me achando tão grande e tendo certeza de que eu faria todas aquelas grandes coisas antes dos dezenove. Eu tento pensar nas dificuldades também; na insegurança sobre tudo, nos terríveis arrependimentos, no silêncio, nos segredos. Se hoje em dia eu guardo segredos porque não quero criar conflito, naquela época eu guardava segredos porque queria ter amigos. Eu tinha tanta certeza de que meus amigos teriam mêdo dos meus pensamentos mais obscuros! Entretanto eu era criança sim, embora uma criança estranah. E hoje eu vejo como eu tinha poucas preocupações, muitas idéias utópicas, muita fé. Eu era uma pessoa forte, talvez mais forte do que sou hoje.

Às vezes eu quero voltar. Eu não quero discutir todas essas coisas a cada instante da minha vida. Eu só quero uma vida tranqüila, onde eu possa me dedicar ao que importa. O passado passou e eu não me tornei uma pessoa tão capaz quanto eu esperava, nem tão capaz quanto as pessoas que eu admiro. Eu mudei pouco demais, talvez. Mas eu mudei muito também, e mudei para algo mais difícil. E 

---

Às vezes eu me pergunto se o saceifício valeu a pena. Eu me perguntei, que saceifício? Às vezes eu me peguei pensando coisas como "se eu nm estou feliz, então de quê valeu o sarigício?" E eu me perguntei, "mas qual sacrifício?". E pouco depois ou pouco antes eu me peguei pensando em tudo aquilo que eu sacrifiquei, tudo aquilo que eu suprimi e afoguei apenas para que eu pudesse viver no mundo teal, apenas para que eu pudesse ser feliz e fazer amigos e quem sabe trabalhar e tentar mudar o mundo e batalhar para fazer alguma difeeença, para interagir com a realidade e fazer uma diferença na realidad em vea de apenas fugir dela.  Esse sacrifício. E eu estou aqui nos meus vinte e conco anos, aquela idade que todo mundo diz que é quando o metabolismo fica mais lrento e a gente pára de crzscer pra gomeçar a znvelhecer, e eu ainda não cheguei lá, eu ainda não cheguei no mundo real, nada do que eu fiz fez nenhuma diferença, e eu ajudei im pouco algumas pessoas que talvez venham a fazer um pouquinho de diferença, pessoas mil ezzes melhores do que eu, então  talvez eu devesse pensar que eu fiz alguma coisa, dando esse pouquinho de apoio a essas pessoas. Mas eu não estou feliz. E eu estou me enfiando num buraco cada vez mais fundo em que eu não tenho nem dinheiro nem merecimento mérito nem nenhum valor que me permita me fazer feliz. Por um momento, um pouquinho de tempo, alguns anos, eu achei que estava dando certo, que eu estava começando a me conectar com a realidade. Por um tempo, eu senti que eu estava melhorando, que eu estava me tornando mais forte, e que eu estava feliz também. Por algum tempo ali em 2010 e 2011 eu inclusive me senti realmente feliz. Mas agora eu não me sinto avançando, nem feliz, e não parece mais ter valido a pena, o quanto eu sacrifiquei de mim, daquilo que me compunha, pra me tornar isto.

Isto não serve de nada. Isto não vai trazer bem pra ninguém. Isto não vale o sacrifício daquele senso inabalável de quem eu era e qual era o meu propósito no mundo. Isto não vale nada.

Eu tenho tido momentos de felicidade. Um curso particularmente empolgante, um desafio novo, uma boa história, uma pessoa apaixonante. Momentos. Às vezes eu consigo me manter feliz por dois dias seguidos! Mas no demais... Eu acho que todos os meus amigos vão acabar desistindo de mim simplesmente porque eu não mereço. Ou que eu vou abandoná-los e só notar meses depois. Ou quee eu não vou mais tolerar o jeito como eles me olham, ou falam de mim, como se eu fosse uma pessoa completamente diferente do que eu quero ser.eu devo ser mesmo. Eu nunca vou ser uma pessoa respeitável. Sempre vai ter alguém pra me olhar dzsse jeito. 

Este texto não vai nem me aliviar na real. É só um registro idiota. Eu acho que a vida até aqui só não valeu a pena todos ossacrifícios. Será que eu posso voltar e reiniciar do save point?