quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Conversa

Agora há pouco eu encontrei o Léo no para-ciclos do ime e papeamos um pouco. Ele quis elogiar a minha camiseta (sempre me espanta o quanto as pessoas do mundo comentam esta camiseta) e disse uma coisa assim:
- Você fica meio surfista com essa camiseta e essa corrente.
- Surfista? Isso é bom ou é ruim?
- Ahm... É meio -
- Digo, camiseta colorida e veranil num dia nublado ?
- É bom. Sexualmente ambígüo, mas bonita.
E eu disse

- Bom. Ambígüo é bom. Estou indo no quinta-e-breja hoje e quero o máximo de ambigüidade sexual possível.

Não, não foi isso que eu disse. O que eu disse foi

- Acho que é bom então. Eu gosto de meninas com estilo surfista, então as pessoas devem gostar de mim assim, também.

Não, também não foi isso. Acho que eu sorri e disse "acho que é bom, então", e mudamos de assunto. Eu estive pensando naquela quinta-e-breja um ou dois menses atrás na qual os amigos do Léo acharam que eu era fancha e disseram que eu podia pegar qual menina eu quisesse e eu achei isso positivo, mas o Léo disse pra eles que eu era hétero e isso me incomodou um pouco, mas eu fiquei quieta, porque, ele deve ter razão, não? E como me incomodar com uma verdade? Mas eu queria ter dito alguma coisa, e eu preciso lembrar de dizer alguma coisa nas próximas vezes em que alguma coisa precisar ser dita.

Sexualmente ambígüo é bom. Ambigüidade é muito bom. Estou só desabafando; acho que tenho me sentido bastante desconfortável dentro da minha sexualidade (como se ela fosse uma roupa que eu não sei direito por onde vestir).

2 comentários:

Talita Salles disse...

Pois é, Ma. Às vezes eu queria me tachar de bissexual só para poder me livrar de "ser hétero". Eu gostava quando eu fazia parte dos "simpatizantes". Eu não tenho relacionamentos com mulheres, nunca tive, e nunca me apaixonei por uma, mas se tivesse ou me apaixonasse ia achar até bom. Ah, como eu gostaria de me livrar do estigma de ser hétero!

Parece maluco, mas eu não quero ser considerada normal, tradicional, disponível. Quero que recaiam sobre mim os mesmos preconceitos, quero lutar contra eles junto, quero fazer parte desse clubinho de pessoas imprevisíveis, que têm liberdade de escolher quem quiserem, amar pessoas e não "homens" ou "mulheres". Isso porque gosto muito mais do conceito de bissexualidade. Ser lésbica não me atrai, mas ainda prefiro isso a ser hétero em uma ocasião social com potencial de caçada (considerando-se que muitos ignoram existir ou não um namorado).

Ou seja, duas coisas: 1. Odeio xavecos e o jogo da "conquista". 2. Não quero que me definam por minha sexualidade, mas se forem fazer isso, que seja por uma sexualidade que tem mais a ver com minha visão de mundo.

Lori disse...

Idem, ibidem - tirando a parte das garotas surfistas.
Adorei seu comentário, Talita!