segunda-feira, 5 de julho de 2010

Acordar

É tão estranho e sozinho acordar sozinha. Olho ao redor e vejo o frio, o vazio, qual é o sentido disto tudo? Minha garganta dói, meu coração dói, eu sinto o frio entrando e me preenchendo, o que é isto que entra e me preenche, que faz minha garganta arder, que me faz estremecer, o que é isso que eu vinha esquecendo como é ruim, isso que não existia quando eu tinha um corpo vivo enflamando o ar ao meu redor? O que é isso que é tão doloroso e que torna tão assustador sair de debaixo dos lençóis, e tão igualmente desagradável ficar aqui pra sempre?

É tão estranho e errado eu acordar aqui e assim, longe de casa, longe dos meus sonhos, longe de vocês, longe de tudo o que dá sentido à minha vida. Eu acordo e penso 'que porra é essa, o que estou fazendo aqui, quem sou eu, quem me deu o direito de acordar?' e ainda mais sozinha; eu acordo e penso o que estou fazendo, porque não estou trabalhando, ganhando a vida pra pagar os meus passeios, os meus amores, aquela viagem, a festa de sexta, uma casa onde eu possa morar de verdade onde eu não me sinta cada vez mais uma hóspede? Eu fecho os olhos e tento lembrar pra que serve tudo, por que eu posso viver, como eu consigo agüentar a culpa de viver à custa dos meus pais, eu fecho os olhos e tento me levantar, será que existe ordem suficiente na minha vida pra eu fazer alguma coisa hoje?

É tão estranho e desesperador sair da cama neste frio, ver o sol lá fora e não lembrar pra quê serve o dia estar tão lindo, tenho uma viagem pra fazer e não lembro por que quero ir, eu lembro dos meus amigos que estão aqui e como eu quero estar com eles pra sempre, mas algo em mim diz não, algo em mim diz, you don't get another chance to show them that you love them, e eu tento me programar pra deixar a minha vida e ir pra Angra, pra deixar os meus amores e ir pra praia, pra largar os meus programas e ir prà ilha, pra esquecer o mêdo de perder chances, e ir pro mar. Meu coração aperta e eu digo, 'acho que vou amanhã'. Uma parte tão grande de mim está tão nervosa, mas eu repito pra mim mesma, 'you won't get another chance. give them all you can'.

...é tão estranho acordar e não te ter ao meu lado e sequer saber se te terei hoje, ou amanhã ou depois, e eu sinto que eu daria tanta coisa por você às vezes, mas hoje eu acordo e saio relutantemente da cama e vou tomar banho (sozinha) e vou tomar sol (sozinha) e pego a Flor no cólo (sozinha) e volto pra almoçar (sozinha) com a família. E (é tão estranho) eu sei porque estou sozinha e eu sei que opções eu fiz mas não consigo entender por que, porque ontem tudo fazia sentido quando eu tinha a tua voz no telefone, quando eu disse boa noite e soube que eu ia dormir sozinha, ontem tudo fazia sentido mas hoje tudo parece tão fútil, porque nada do que eu faço agora faz, eu espero, espero, espero, eu espero um futuro que não chega, quem sabe em um, dois, cinco, dez anos ele chegue, eu sonho tanto e tanto almejo, mas cada dia é uma tortura quando eu não posso olhar nos teus olhos e confiar que eu estou fazendo o que eu posso, que eu não tenho outra opções, que tudo vai dar certo.

Hoje eu vi a minha média de E.D., 8.6, e pensei, até que é bom, mas será que isso serve pra alguma coisa, será que o que eu quero dessa média não é algo que eu só conseguiria a partir do 9.5?

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