domingo, 27 de fevereiro de 2005

Androfobia

Eu descobri algumas coisas terríveis sobre mim esses dias. Mas esta, claro, me surpreendeu de certa forma, porque eu devia ter me tocado, eu devia ter percebido, e não percebi.

Não percebi que eu tenho medo.

Muito medo.

Depois de dois dias não pegou mais a desculpa de que eu fugi daqueles beijos porque achei que fossem mordidas. Embora, talvez, fosse mesmo só isso. Talvez não. De qualquer forma. Eu virei para o Charles e murmurei baixinho tanto que todos ao redor ouviram, "Por que é que eu tenho tanto medo?"

Por que eu tenho tanto medo, mãe?

Não é de todos os homens que eu tive medo. Não tenho medo dos meus parentes, nem dos amigos da Tali, nem do Gio, do Victor, do Nando, do Bruno, do Dan, do Pedro, do Márcio, do Squeeck, do Nelson, do Ed, do MF, do Paulo... O Paulo. Na última vez que nos vimos, numa festa aqui em casa, ele me perguntou se eu tinha namorado. Enquanto eu respondia Não, estranhamente senti uma certa pena. Pena porque ele parecia querer ser meu namorado, mas ele ia viajar e dificilmente eu não teria namorado quando ele voltasse. Pena que ao mesmo tempo não foi de mim, porque eu não namoraria com ele de qualquer forma (eu estava apaixonada, po!), mas também não foi dele, porque, sei lá, ele parecia tão mais tranquilo, e por mais solitário que fosse não parecia tão problemático quanto a maior parte dos meus amigos...

Não, acho que você está errado, big Tortuga. Eu não senti pena de você. Tanto não senti pena de você que não me submeti ao que achei que fosse te fazer bem. Não me sacrifiquei por você. Na verdade, apenas te tratei como um ser humano normal, até que no seu enésimo


...


Eu não vou terminer isso.
[9/3/2005]

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2005

O Sangue caindo em gotas na terra

Esta vontade estranha de morrer aos teus pés. Olhos ao redor e só vejo terra, sangue, minhas lágrimas dissolvendo a terra escura tão linda porque no fundo eu só queria me fundir à terra, me dissolver na terra, dispersar em todas as raízes de árvores e me fundir à Terra para sempre, sem que vocês percebam minha existência. Viajar o mundo inteiro via pássaros e tartarugas, seres humanos e máquinas, e até correntes de vento e de mar.

Quero esquecer tudo...
Quero descansar...


Mesmo que você entenda o que eu falo sobre você, tudo isso parece ter acontecido há muito, muito tempo... Parece-me até que a terra engoliu nossas brincadeiras no tempo em que não era você que me machucava. No tempo em que nem éramos tão amigos. Mas faça o que você quiser, desperte, resplandeça num mundo fantástico, alce vôo. Eu estarei do seu lado a maior parte do tempo. Apenas peço que não se apaixone por mim, se não for pedir demais. Acho que eu preferia que nenhum outro homem se apaixonasse por mim. Acho que eu preferia não falar sobre isso, também.

Acho que eu preferia ficar muda.

Acho que eu preferia ficar muda, eternamente muda, profundamente muda: nenhum som deformaria-se em meus lábios e só rugidos guturais nasceriam de minhas cordas vocais. E a humanidade, incapaz de decifrar meus urros, finalmente desinteressar-se-ia de mim, e passaria a ouvir canções menos felizes e perigosas... Você estava certa, Ludi, e, como Sartre, tendo a achar que esta afirmação é tão mais verdadeira quanto mais dor ela vem a causar-me. Eu também achei que só poderia fazer as pessoas felizes quando eu fosse feliz, mas no fundo as pessoas não estão felizes de qualquer forma. E eu me policio para não me empolgar, para não falar demais, para não despertar nos outros sentimentos perigosos como o amor. Eu odeio o amor. Eu amo o amor. Eu queria compreender o amor como algumas pessoas compreendem: um amor único, dedicado a uma só pessoa, quando todos os outros sentimentos são de amizade ou companheirismo. Ágape, Filia e Eros. Meu irmão, meu filho e meu amante. Desta forma, você sabe que eu amo apenas você, né?

Queria não saber mais nada.

"Teatro é apenas teatro", eu tive de repetir para mim mesma, tive de me convencer e devia tê-lo dito em voz alta para que todos ouvissem, mas não disse. Um beijo amoroso, mas não entre ele e eu, e sim entre Romeu e Julieta. Porque eu não o amo, não assim. E odeio cada instante desse beijo porque me faz lembrar de que, se ele não me ama, pode voltar a me amar. E mesmo assim naquela cena o amo porque não sou eu nem ele, somos Romeu e Julieta e eu me esforço pra dizer que não é nossa culpa, a peça é assim, e tento me convencer de que todos sabem que é apenas uma peça e de que aquilo não tem nada a ver com os atores, porque eu quero que isso acabe. Eu já tinha medo desse momento. I'm beyond you, and I don't want to return ever again. E por favor não volte, eu não quero isso também. Fiquem longe de mim, que eu mordo sim.

Mas "Teatro é apenas teatro" como "música é apenas música" e "literatura é literatura" e nem tudo o que eu escrevo é sobre mim, embora as pessoas nunca entendam isso.

O Sangue cainda em gotas na terra....

Pela primeira vez estou feliz porque quase ninguém vai ler isto aqui.
As pessoas ficam dizendo para eu me abrir, para não guardar mágoas, etc., mas falar parece pior, parece que cada detalhe a mais vai ferir alguém de quem eu gosto ou causar alguma reação desagradável, parece que cada palavra pode despertar um sentimento perigoso, parece que tudo vai dar sempre errado! Parece que quanto menos eu falar sobre isso, menos preocupante será. E não é culpa de vocês, deixem disso. Talvez eu não acredite mais que existe solução.

O que é horrível porque tira toda a função deste mundo vil.

Acontece que eu fiquei feliz porque o Artur parecia melhor mas fiquei ao mesmo tempo triste porque de certa forma eu não estava. Não sabia que pesava tanto. Não sabia que era tão difícil. E eu te agradeço por me mostrar, big Tortuga. Porque quando mais difícil parece ser ser forte, mais a força converte-se em ação e se concretiza, passando a existir. Não posso manter-me imóvel pois tenho medo de cair.

Então aqui este estranho desejo de adormecer em teus braços e perecer aos teu pés. De escorrer em gotas por rios imensos para chegar ao mar, meu divino mar. Para velejar para sempre e viajar. Mas enquanto isso eu não posso desistir. Eu quero qualquer coisa que não existe.

Espero que agora tenha sido mais claro.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2005

Mesmo calada a cuca restam as mãos

Vamos começar assim meu olhos cheios de lágrimas e eu pensando Paulo Ed Yuri Utak Marie Chello Marco Luque Artur Paulinha parem de falar bobagens vocês que não compreendem nem acham que compreendem não digam o que não acharem que seja verdade ou que saia do imo -- pulmão! Escorrendo sangue não morra! Não morra que eu te amo eu te amo e eu sei que no fundo mesmo que você não saiba você me ama porque pelo menos eu sou vagamente importante para você ou você não seria assim como você é entào pelo menos desta vez me deixa dizer que eu te amo e isso no momento é a base da nossa relação, big Tortuga. Sim, eu vou te chamar de big Tortuga.

Pais e mães são criaturas com percepção limitada dos relacionamentos dos filhos. Percebem algumas coisas que não só não são óbvias como também não sào necessariamente verdade, e ao mesmo tempo não percebem coisas muito básicas, mas não importa, porque naquele tempo eu também era bastante idiota e aquela sua pele lisa me causava uma estranha repulsa porque não: eu não te amei, nunca, nem por um momento, até que eu pude amar de verdade outro alguém alegremente e aí já não era mais uma opção (então esqueça -- mesmo que você não cumpra o combinado, esqueça, e finja que você também não queria nada comigo, só um amigo, um amigo, um grande amigo, eu te amo mas na verdade eu não quero nada mais que isso).

Essas pessoas que não sabem que são gente...

Mesmo aquela barriga quente umbigo do mundo, acho que até foi você Tortuga que despertou meu instindo de devorar quente sangue bocas embora ele tenha sido o primeiro cara dde quem eu gostava que me deu um beijo e sua boca tivesse bolo gosto de sangue e no fundo eu fico feliz porque "uma coisa que você pode ter certeza é que você pode confiar em mim" e eu espero que ele possa confiar em ti também, milord, porque sabes que eu não faria isso, na verdade eu te odiaria mais do que me odiaste, e não adiantaria nada porque eu ainda te amo, sempre te amei, só que nem de longe tanto quanto me amaste ou do quanto eu o amo, milord. Pondo todas as cartas na mesa

às vezes tenho a impressão de que meu coração é tão grande que cade o mundo inteiro lá dentro. Eu te amo intensamente, e ainda assim o amo ainda mais. Devia mudar de 2a pessoa porque não lerás mesmo o que eu escrevo, graças a Deus, imagine-te lendo-me dizer que te amo que catástrofe não posso deixar que esse tipo de coisa aconteça.

Afinal o terceiro na verdade foi o primeiro desde o início. Meu pai tão galante revelando-se aos poucos Me joga no chão? Aquele É a minha cena favorita, melhor mesmo talvez até que o final que também é muito bom. Meu irmão que arranhou meu coração não era caçador, era um coitado por natureza mas não vou xingá-lo aqui porque no fundo foi bom que ele tivesse feito isso, nunca teria dado certo, por mais que bolo de sangue seja uma iguaria e não não era sobre sexo seu chato era sobre... Deixa pra lá, não vou contar meu diário pra vocês, vocês nunca entenderiam, além do mais eu não vou fazer você lembrar, mais uma vez, aquele Acho que sim nunca viraria um Sim que bom que você fez como eu com aquela menina que eu sei que não conheço e não acreditou

E aí a Paulinha me diz com aquela cara triste que "no final a gente sempre varre a poeira para baixo do tapete" e eu queria que não fosse verdade...

Porque eu sei. Eu sei.
E eu te amo mais por isso. E eu queria que você fosse feliz mas neste pé não sei se vai rolar. Talvez seja mesmo melhor pra você que haja bananeira pra pentear, porque as bananeiras são partenocárpicas e os cachos realmente não sei pra quê. Não entenda o que eu digo, não vai ajudar.

Eu esperava que sua história fosse mais surpreendente, não sei porquê.
Eu esperava que as razões fossem mais diferentes das minhas.
A Gabi disse que tinha contado toda a terrível verdade e que você não quis acreditar, mas a verdade não é tão terrível. Porque eu também fui dogmática. E o resto você já sabe. Só posso dizer que chovia, chovia sempre, e eu estava sempre com medo. De todos os quatro, cinco, seis. Doze. De todos os homens. De mim mesma.

Obrigada.
Muito abrigada.

Eu queria começar este post dizendo que te amo mais.
E que as pessoas deviam calar a boca.
E que obrigada por confiar em mim.
E que obrigada por me dar confiança.
E que obrigada por me amar assim.
E que eu te amo.

E que eu tenho um computador.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2005

A Fraqueza

Sem nada a dizer, cruzei o campo de olhos meio fechados
morrendo de medo.

Por quê? a pergunta murmurada em meus pensamentos Por quê? Se tudo parecia tão bem, tão promissor e tão tranqüilo, eu chorava daquela forma desiludida sem ter me desiludido? Por que, quando parecia que eu iria em frente sem pestanejar, uma tolice daquelas me jogou no chão e amarrou minhas mãos me impedindo de prosseguir? Por que essa dor, por que essa mágoa? Apagada, fria, deslavada, envenenando meus sentidos, por que essa raiva?

Por que de repente, Por que quando tudo dava certo e a vida era boa, de repente a fraqueza me pega de jeito, e sou fraca, frágil, menina moça desamparada infelizmente

Eu sabia que n ão era de verdade

Amo-vos incondicionalmente
mas inda assim me convença de que vale a pena

curiosidade e medo de não ser feliz

Por que essa fragilidade se no fundo, eu só queria que me abraçasses e dissesses que sou tua amiga
mesmo não sendo ou quase sendo
Eu queria ser
Me dá uma chance
Eu não posso ser perfeita
Me dá um tempo
Todos os dias quando acordo não sou mais eu
Mas os meus desejos inda são os mesmos

desejo rir com você, sabendo que não tem problema
e que vai me perdoar se eu não estiver aí
preciso de mim

Mas preciso de vocês também
para não ser fraca
e frágil
e amar sem medo.

domingo, 13 de fevereiro de 2005

Talgvez eu devesse parar de escrever no pato, também.

O problema é que eu ligo o computador que nem é meu e fico achando que minhas idéias imprecisas são dignas do pato; Mas aí não escrevo as idéias realmente boas poque o texto vai sair ruim de qualquer forma com essas teclas esquisitas.

E não escrevo aqui. Que de certa forma é um lugar do qual eu sou obviamente digna.
As pessoas se acostumaram a dizer que tudo o que eu escrevo é maravilhos (em média, pelo menos), mas quando o tempo passa e meu ego desinfla um pouco e eu consigo escrever alguma coisa vejo que eu não sei mais escrever. São os outros que têm idéias boas -- o Yuri, o Digo, os outros -- eu só tenho idéias banais e entediadas. Escrever poesia parece mais fácil porque as coisas podem apenas ser bastante sonoras. Mas eu não quero mais.

Eu não quero mais, porra!
Não quero mais achar escrever uma coisa enfadonha.
Não quero mais ficar lendo livros sem sequer me interessar por eles.
Não quero mais ir ao shopping pra ficar lá fazendo nada!
Não quero mais racionalizar tudo tudo tudo
Não quero mais viver do passado, nas mesmas histórias de sempre
Não quero mais me achar o máximo porque aos doze anos escrevi um poema que ficou realmente muito bom, mas não consigo azer outro tão bom quanto.

Não quero mais nada disso.

Quero qualquer coisa que valha a pena!

Eu cheguei a pensar em desencanar de tudo e aproveitar a vida, jáque afinal eu tenouma porção de amigos e um namorado e uma família, mas,sabe, eu não agüento. Eu preciso jogar! Eu preciso lutar.

Eu preciso de algo que valha a pena.
Porque, aproveitara vida sem saber de si um só talento, sem lutar por nada, não valhe a pena.

Eu quero cair fora. No fogo. No Fogo.