domingo, 15 de agosto de 2004

Contraponto

[vulgo O'boy, mas ele não entra na história]

Cara, como eu sou controvérsa. Sim, com acento. Dane-se a gramática. Da-se-ne.
Eu lembro que, há algum tempo, estávamos passeando. No meio do passeio, seguindo passos prédefinidos, o Yuri meio que disse "Marina, eu te amo" e me deu um abraço; "Maysa, eu te amo" e deu-lhe um abraço (ou não era a Maysa? Será que era a Camilla? Ou a Sô?), depois correu um pouco mais e disse "Gabi, eu te amo" e deu-lhe um abraço também. Por fim, virou-se para o Marco e sorriu, deu-lhe um abraço em silêncio. Eu achei curioso, e perguntei-lhe à distância: "ele você não ama?". Ele parou, pensou um pouco (ou só demorou?) e fez que não com a cabeça, como se não tivesse nada a ver.
Essa história parece não ter nada a ver com nada, mas ela teve importância para mim. Eu achei muito curioso, não conseguia conceber que alguém não amasse um amigo, nem que ele não considerasse meu irmão um amigo. Mas sei lá. Fiquei pensando. Na época, cheguei à bizarra — considerando que eu costumava considerar meus amigos como "pessoas que eu amo" — conclusão de que eu não amava a maior parte dos meus amigos, ou que o quanto os amava não tinha muita importância, "em comparação a esse amor tão absurdamente grande", nas minhas próprias divagantes palavras. Na verdade eu não gostava muito dessa noção, porque queria dizer que não adiantava ter todos os meus amigos se ele não estivesse lá. Bom, não que eu não amasse meus amigos, é que aparentemente só amava alguns.

A parte estranha é que isso durou, tipo, duas semanas. Depois eu comecei a achar que isso não tem nada a ver, que apesar de tudo — um tudo bem grande e gordo por sinal — eu me apaixonar só fazia meu amor por todos aqueles amigos crescer. Depois eu esqueci disso tudo. Amo meus amigos, amo-TE mais, e no fim não é muito comparável. Não há muita discussão entre todos esses tipor de amor; amor de amigo, de enamorado, de irmão, de primo, de filho; que no final são todos semelhantes.

Mas isso foi só uma ilustração. Eu ia falar sobre coisas muito mais recentes.
Tipo, no começo da semana passada, em algum momento eu cheguei à conclusão muy brilhante de que nossas vidas não são interessantes. Que dizer, como seriam? Nós vivemos coisas que as pessoas antes de nós já hão vivido; passamos por situações que nossos pais já cançaram de enfrentar. Somos tolos apaixonados, discutindo sempre os mesmos assuntos, intrinsecamente presos à escola, às ruas, aos filmes, às músicas, às redes. Mas mudei de idéia. Foi no começo da semana passada. Ou melhor, por causa do começo da semana passada. Por motivos muito semelhantes aos que criaram essa idéia, eu a destruí.

A verdade é que acho minha vida interessantíssima. Eu me interesso muito pela minha vida. Terça-feira o Digo veio aqui, ficamos conversando por algo próximo a oito horas seguidas... A verdade é que eu não queria que ele viesse, estava me sentindo um lixo, minha vida não era interessante, não tinha objetivo, não valia nada. Mas deixei-o vir, foi legal, para mim. Sem ter nada interessante para fazer, sem querer fazer nada, mas sem querer ficar parada, comecei a procurar minha calculadora [note-se que procurar coisas é um passatempo comum aqui em casa, considerando que sempre há algo para se procurar]... Revirei cada gaveta, e em cada canto obscuro ia achando algo de valor inestimável. Normalmente, quando chamo amigos, é comum que eu queira mostrar tudo a eles, abro-lhes meus cadernos, meus fichários, minhas pastas, mas eles obviamente não se interessam, não é possível isso, não se pode ler cadernos e fichários durante uma festa. Mas eu nunca disse que faria sentido. Dessa vez, não. Foi muito melhor. Fui abrindo pastas e gavetas, descrevendo-as, explicando-as, sem nunca entrar em detalhes, só por diversão, e me fascinava com as besteiras que minha vida é e foi. Em dado momento, tirei uma caixa da estante, e quando coloquei de volta com os livros, estes caíram sobre ela, no espaço enorme que sobrava. Achei estranho, porque havia livros jogados em todo lugar poque não cabiam na prateleira. Ri, e disse: "Uai, daonde surgiu esse espaço? Bom, não importa, vamos usá-lo já que ele está aí." O Digo achou engraçado, perguntou se era sempre assim, as coisas apareciam do nada e a gente pensava só "olha que legal! Vamos dar-lhe uma utilidade!" e coisas assim. Eu comecei a rir, e percebi que minha vida é bem assim. Um oportunismo absurdo. =^^=

E depois fui fazer coisas legais.

Legais. Sexta por exemplo, fomos assistir Mulher-Gato! O filme é divertido, super cativante. Até meio realista, sabe, eu saí pensando... de certa forma é verdade, qdo a mulher está com o cara que ela quer, é difícil parar de rir, não porque ele é engraçado, mas porque isso a diverte, a faz ficar alegre... Mas com outras mulheres nas quais ela não confie muito, age com seriedade, uma certa rudeza.. Hm... Sei lá, fiquei pensando... Pensando...

E depois Sábado! A Olimpíada de Física! Sinceramente, o dia foi lindo! Lindo mesmo... Estava tudo azul, mas tudo verde, tudo amarelo, tudo rosa, tudo vermelho, tudo marrom, e branco, e preto, e cinza. Cores, cores. 'Tava lindo!
E aí?
Quê mais?
Foi legal. Eu tive que pensar muito. Estão me obrigando a pensar esses dias. Tenho pensado mais que o normal... Até faço sentido! É terrível! Hehe, estou de bom humor. Escrever é totalmente viciante. Quem se importa? Eu me lembro que as pessoas costumavam gostar do que eu escrevia. Hoje em dia, não faço idéia. De vez em quando alguém deixa um comentário legal. De resto, é um registro mesmo...Por que eu te amo, eu te quero bem.. Essas coisas velhas que ficam na cabeça... *rr* Something in the way she moves...

Mas, sabe o quê? Nem tudo são flores.
Aconteceram coisas ruins também. Acho que ficar uma hora inteira pensando na mesma questão, para depois chutar, foi bonito. Horrível. Sei lá. E. B. E! Sei lá. Eu errei essa questão, a velocidade teria que se alterar quando a massa se altera. Sabe? F = m.a . Esse tipo de coisa.

Mas não acho que isso tenha sido o pior. Isso deixou de me incomodar quando eu percebi que tinha acertado 16 questões na maior sussidez. Muito embora eu só tivesse estudado o assunto de umas 10. Talvez menos. Não é muito Monk, mãe, é que p'ra mim, é horrível a sensação de fazer menos que o máximo... Nunca vou me conformar com aquele trabalho sobre a Elizabeth, no qual eu misturei Mary Stuart e Marie de Guise, troquei suas posições, baguncei seus feitos, pedi perdão, terminei às pressas sem muita certeza de nada (por isso pedi perdão) e não só tirei A+, como fiz o melhor trabalho da série... ! Como?! Nunca vai entrar na minha cabeça; quer dizer, foi tudo tão banal... Tão simples... Nada que as melhores alunas da série não pudessem fazer sussamente, eu acho. Foi tão fácil, nem trabalhoso foi... Quer dizer, eu me empolguei, o tempo passou na janela e não, eu não vi mais nada! Aye, tempo bons!

Mas o que eu estava dizendo? O pior, mesmo, foi bem antes... Eu cheguei lá muito cedo, uns dez minutos antes da 13h, que era o horário marcado. Não tinha ninguém. Dei várias voltas no colégio, solitária, procurando gente nos campos, nas mesas, na Árvore... Chegou a Ana, e ficamos conversando. Aí, depois de mais uma volta pelo campus, vi o Y chegando... Esperei ele chegar perto, convenientemente, e dei-lhe um abraço. Nem dei oi nem nada, mas ele disse um "Ai!" sonoro. Ai. Na hora eu quase não senti, fiquei pensando "como diabos eu consigo machucar alguém com um abraço?!", baxei o facho, sentei no murinho com o sol tirando-o do meu campo de vista, segurando minha hiperatividade; 'tá certo, eu pulei em você, mas o que eu realmente queria, e devia ter feito, era correr como o vento, pular, abraçar, rolar na grama... Mas não fiz. Te dei só um abraço em silêncio... Nem te dei oi nem nada...

.. ...

Don't wanna leave her now... don't wanna leave her now...

Só quando já ia para casa, hiper-ativa, meio solitária, nervosa, afim de não parar de andar antes de atravessar um bairro ou dois, que realmente soltei meu desespero

Meu, um ABRAÇO!! Como eu consegui te machucar com um abraço?! Não, não é sua culpa, é que... Na verdade não é nem por sua causa, é que, um abraço, sabe, é uma demonstração de afeto, é uma frase sem verbo, "rane-mer", não devia doer... Mas dói sempre... Por que isso acontece? Não tems sentido... Se fosse só uma ocasião; mas acontece sempre! Por que abraçar, beijar, morder, rolar na grama, dizer que te amo, por que dói tanto?! Por que machuca tanto...? É irritante, por que é que eu consigo sempre machucar as pessoas de quem eu gosto? Mesmo que seja um machucado sem significado, como esse foi, do qual nem sei se você se lembrava, mas, meu!

A gente não inventa amor nenhum, ele inventa a gente, cultiva a gente, devora a gente como a gente devora um pé de milho...

Vocês já devem ter sentido isso. Essa raiva. Aqui vocês lêem só resquícios, mas eu estava realmente furiosa. Será que é só isso? "Quem ama fere", sem mais?! Lembrando todas as vezes em que eu machuquei irmãos e amigos apenas porque os amei demais, porque esperei demais. É claro que eles não resistiriam à altura. E também as vezes em que eles não tinham condição de fazer nada, eu apenas segurei muito forte, mordi muito fundo, toquei muito bruto. Sem querer, sem que fosse culpa minha também! O pior de tudo, é que quanto mais você gosta de uma pessoa, mais você a machuca... Quando você gosta demais da pessoa, se sente seguro com ela, e por isso gosta mais ainda, você consegue machucá-la mais... Às vezes fisicamente, às vezes moralmente... Dependendo da pessoa, nào faz diferença.

E por favor não ache que é com você.

Argh, deixa eu esquecer esse assunto...

Eu saí do colégio não sei como. Estava tudo tão vazio... Não que não tivesse gente, mas ninguém que eu realmente pudesse abraçar, deitar na grama, olhar o sol passar... Eu queroa cair no chào e dormir no sol, não ir p'ra casa... Mas acabei indo, o corpo rígido, sem medos, sem parar nem diminuir o ritmo, rápido, rápido, até a casa, mas teria ido mais além, teria ido muito mais além...

A Gabi e o Luque estavam aqui. Depois ele foi embora, depois a Milla chegou. Jogamos Eternal Darkness depois do Super Maria World. Domingo amanheceu ensolarado, trabalhamos, rimos, ouvimos música, bebemos coca-cola, comemos churrasco, fizemos planos de pintura e viagem...

I DON'T KNO-O-OW, I don't know...

Foi um fim de semana quase perfeito. Lindo. Maravilhoso.

Quase que inconcebível.

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