domingo, 27 de setembro de 2009

Alarara

Você me disse que era bom
Eu acreditei, por que não?
Vamos voar, vamos nos despedaçar
quando cairmos nos nossos braços
nos nossos passos vamos viajar
vamos desafiar a concorrência
Você me disse que valia a pena
agora eu só quero ir embora
vamos embora
Meus desejos são: ficar pra trás,
perder o trem e esperar na chuva
e o próximo nunca chegar
meus desejos são sofrer um acidente
pra ter uma desculpa pra parar
Você me disse que eu ia ser forte
agora que eu sou forte eu não quero lutar
dinheiro, sucesso, tudo isso é mentira
carreira, currículo, tudo isso é mentira
Eu tenho gatos manhosos e cães independentes
Aqueles que não estudam passam no vestibular
Se estressar pra quê? Tudo isso é mentira
Você vai vencer na vida, eu vou ficar pra viver
Você vai ser feliz, você vai ser genial
eu vou ser uma pessoa normal
vou viver cada dia do jeito que eu quiser
Vou viver o máximo que eu puder
no fim do dia a gente se encontra
Você diz que sente falta de mim
Mas eu que não sou urgente
Eu que não consto no currículo
Eu não sou uma prioridade
Eu sou secundária pra você
Você que vai ser uma profissional
Você que vai pagar os seus estudos
Você que não vê que nada disso é motivo pra esquecer
Você que quer ser o SuperHomem, você que quer ser Deus!
De vez em quando até esqueço de você.

sábado, 26 de setembro de 2009

Liberdade e Libertação II

— Eu te odeio
— Eu sei que você me ama
— Eu sou mau
— Não, você é bom

Eu não sei a resposta para minha pergunta

Libertação passa sempre pela destruição do eu? Ou é a destruição das coisas acessórias ao eu? Ou a libertação é justamente esse movimento de negar, de ultrapassar os limites impostos da vida mas também do ego? O eu é um limite, o eu pode ser preservado ou destruído, o meu eu está integrado a essa barreira, essa rede indissociável que me amarra, que me define, que me aprisiona. Liberdade é a ausência do eu?

Como você reage àquele beijo? Grita, se enfurece, agride, bate, machuca? Ou o mundo pára por um instante, aquele tipo de instante em que todas as lágrimas misteriosamente convertem-se em todos os sonhos reais? Abandona a dor e a raiva? Entrega-se, abandona-se, liberta-se da derrota mas também perde qualquer chance de vitória, isto é, se é que há um caminho para a vitória? Se é que há verdade? Será que há? Será que não é tudo uma rede de ilusões, de imagens, uma rede de apropriações que concebemos, que construímos? Imaginar é definir-se, falar é definir; As coisas sequer existem antes que as chamemos? Existe qualquer coisa anterior à nossa história? A narrativa não é o que define nossa trajetória? E se sim, então somos apenas personagens, que fazem isto ou aquilo dependendo basicamente do que aconteceu antes; tudo que é causa tem efeito, tudo o que é efeito tem causa? Mas então, o que é o eu? Existe eu? Ou somos apenas um apanhado de memórias, uma construção a partir de acontecimentos, somos personagens bem construídos mas certamente desprovidos de alma? Temos eu? Somos? Nesse caso libertar-se não é justamente fazer o inesperado? Agir como um louco? A liberdade não é em último caso a loucura? Então, que relevância têm as situações em que estamos? Qual a importância da forma como vivemos? Um personagem é melhor ou pior que o outro? Mas se nos libertamos das memórias, se largamos a máscara, então o que somos, e que diferença faz o que fazemos? Existe qualquer princípio que reja nossa verdade? Existe qualquer sentido para se dar à liberdade?

Liberdade e Libertação

Eu não sei mais o que estou fazendo.

Eu não sei mais o que estou fazendo, gritou Will puxando a espada e e batendo na mesa, Não tenho mais controle sobre nada, não sei mais para onde estamos indo! Então liberdade é isso, essa deserção, essa vida que se parece tanto com Morte?! — Júlia, Lúcia e Pedro olhavam pra ele assustados, os corações fracos para tanta ferocidade, as mentes nervosas diante do desespero — Não tenho mais parâmetros, metas, formas de saber se vou para frente ou para o lado; como posso imaginar se estou fazendo o Certo ou o Errado; como posso imaginar se estamos vencendo ou sendo mais uma vez derrotados, disse Will, chutando a cadeira, Me sinto tão derrotado agora, a cada nova vitória, como se o mar da derrota tivesse engolido nossa frágil corrente de vitória.

Estou tentando me libertar?

Estamos nos libertando, perguntou Will, estamos realmente nos libertando ou mergulhando mais fundo em uma nova prisão? Estamos nos libertando ou simplesmente fugindo para nos tornarmos peixes num mar de tubarões? O que você acha, Lúcia?
Will tinha se aproximado e seu rosto estava a dois centímetros dos olhos dela. Pedro e Júlia estavam apavorados. Nada disso parecia bom, nada disso parecia normal. Eles só queriam desamarrar as velas e percorrer o mar, aproveitando o vento, quem sabe vivendo algumas pequenas aventuras. O mundo não era um playground? Lúcia, confusa, deu um beijo na boca de Will. Esperava que isso cortasse o efeito do desespero? ou simplesmente estava cedendo a um impulso?

Entretanto sinto que mais que libertação estou causando minha própria destruição. Não é possível mais parar, não há mais espaço para descansar, e rir, e perder tempo. Estou me tornando um amontoado de fazeres. De impulsos. Estou cortando as relações com qualquer parte da minha tomada de decisões. Tenho os braços e mãos atados, tenho os olhos vendados, estou seguindo sem saber o quê, estou seguindo tudo, como uma brisa, Uma brisa se espalha por onde houver lugar. Ou isso é que é libertação? Esse viver tão parecido com sobreviver? Essa alegria tão parecida com morte? Libertação é destruição? Libertar-se é sempre abdicar?

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Cães e gatos vivendo juntos{`Ç>:

http://www.youtube.com/watch?v=-fAGzY9rnaA&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=L1BSvoz96po&feature=related

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

O que é amor pra mim

(este post não é sobre amor)



Sábado eu encontrei a galera e (uau, como eu estava ensiosa para encontrá-los!) ainda, digamos, não parece que foi suficiente, quero conversar mais, jogar mais, sair talvez, ir andar no parque, ver filmes, fazer essas coisas que amigos fazem. Me sinto feliz, exuberante, isso é estar apaixonada. A paixão não requer que seu objeto seja uma só pessoa ou objetivo, que seja homem, que seja belo, mas que seja bom, que seja incrível, que seja difícil e delicioso. Porque os conheço tão pouco, ou porque nos reunimos tão pouco, me sinto como num começo de namoro. É sempre assim? Isso é amor? Acima de todas as outras coisas de que falamos, isso é amor? Podem regras de RPG e receitas de culinária com Pokémons serem tão românticos quanto beijos? A ponto de me fazer esquecer a inauguração da casa nova de mamãe, ignorar o sono e rir como uma idiota até horas estúpidas da noite? A ponto de eu já me sentir ansiosa pelo próximo sábado?

Por outro lado, de modo geral, me sinto exultantemente feliz! Tudo parece praticamente impossível mas nada é difícil demais. É isso que bons amigos fazem comigo? Ou é isso que a atitute experimentadora me permite viver? Sou uma borboleta recém saída da crisálida, um bebê de pássaro saindo do ninho! Praticamente em todos os lugares onde vou encontro alguém que quer estar ao meu lado ao menos por alguns segundos, alguém que ainda não conheço por inteiro, mas que posso conhecer, alguém com quem posso conversar, alguém cujas portas estão abertas se eu tiver vontade de entrar; Aliás, não sinto sequer o mêdo, mais, de encontrar essas pessoas novas! Sexta mesmo invadi o bandeijão à procura do cara com quem eu conversava na aula mas que de repente eu queria que fosse meu amigo! Tudo é tão divertido! Tem tantas exclamções neste texto! !!!!!!! !

Porque o Bruno está sempre perguntando qual é a do apaixonar-se, eu mais do que nunca tendo a estar sempre respondendo. Quando a gente se diverte muito, e enxerga no outro a possibilidade de viver muito mais coisas boas, isso é paixão? Quando a gente imagina que quanto mais conviver com uma pessoa, mais coisas boas acontecerão, isso é amor? Quando toda vez que nos encontramos nos divertimos mais do que se estivéssemos separados, isso não é motivo para vivermos juntos cada vez mais?

E se isso tudo acontecer com uma única pessoa, que sente o mesmo em relação a você, então, como viver afastado dessa pessoa? Seria sequer possível não construir com ela uma vida, uma existência, sem negar sua própria felicidade?