quinta-feira, 26 de maio de 2005

O mundo, o mundo a mesma história bla bla bla


Desculpem, gentes, é que realmente eu não ando lá muito afins de escrever... Sabe como é, o pôr do Sol... O céu começa a ficar vermelho, vermelho no Tatuapé bairro de gente divertida, pra jogar futebol como aqui na terra do samba, show e rock and roll mamonas contra o Everest um homem, mamãe, um homem para viver! Um homem para sonhar o mundo, mamãe! um homem só, nu, com os olhos de fogo pintando as estrelas pois diante de seu olhar sonhador não existem nuvens, mamãe; apenas para chover como choveu, irmão, choveu carregando barracões e melancias o rio transbordou como não fazia desde mais ou menos quando eu nasci, há uns dezesseis anos e meio, meu amigo, dezesseis anos e meio como tens também tu e teus iguais de sangue de gente, gente que é gente que ri e gargalha e gorgulha e divaga e critica, sim, meu amigo, tudo o que vivo sobre a crosta terrestre Meninos, eu vi! E tinha dentes e uns olhos tremendos o focinho peludo uns olhos tristes chorava Edoardo-nee-san e tremia, tremia na noite quente resistindo um gosto de sol!

Cada gota.
Cada uma.
A Chuva
sobre os telhados de todas as casas
do mundo; o sol despontando
Máxima de 20 graus Celsius
A água escorre; corres
corremos e encontramos apenas ossos
O sangue de nossos amigos
Transbordando
Sim, irmãozinho, tu és humano,
nada pode te intornar humano
e por isso choras, irmãozinho
pois não estás morrendo, estás vivendo...
Teu olhar é tão insuportável a nós, inhumanos
Porque tu, rãzinha nua de cabelos negros
tu choras antes de ir-te embora
em boa hora

"Sei que nada será como antes, amanhã..."

Resistindo na boca da noite um gosto de sol.
Seis meses, por Tutatis! Seis meses desde aquela tarde de sol, em que convenci-te do que já sabias: eu te amava ainda, apesar do ódio que perdurou muito além daquele dia, da frustração, da raiva... Cheguei em casa e não lembro porque escuridão de motivos respondi à minha mãe "Não se preocupe, que eu tenho certeza: há tempos, mãe, que não me encontro tão feliz assim. Outro, mãe, não me traria o sorriso sincero que trago no rosto."

"Quando você me entendeu, eu não entendia nada;
Minha vida renasceu, e amei 'tar sendo amada"


Amar é pertencer.

Claro que sim; amar é pertencer a quem se ama. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas. Por isso, muito cuidado ao deixar que alguém se apaixona por você. Essa pessoa pertencerá a você, e não perdoará facilmente se você a maltratar. Ora essa, cervejo! Odeio, odeio, odeio!

(Às vezes penso que preciso de um analista)

Amar é pertencer; namorar é pertencer um pouquinho declaradamente. Minha barriga (onde estão alguns dos meus sentimentos), meu peito (onde estão outros), meu pescoço (onde estão mais alguns), minha pele, todos pertencem a quem eu verdadeira e profundamente amo, sem resguardas. E partes aleatórias de mim pertencem a quem eu amo um pouco, só (nota: aleatório significa "escolhido a dedo com critérios complicados").

Por isso às vezes agonia; por isso às vezes desprezo, nojo, medo. Por isso, realmente, às vezes me sinto um pouco incomodada com essas pessoas pegajosas que são meus grandes amigos, e temo ser muito como eles. Meu corpo é meu, é meu, é meu, entendem?

Boa noite, caras pálidas como os poemas de Álvares de Azevedo.

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