quarta-feira, 17 de agosto de 2011

O que vier à mente

Porque tenho sentido falta de escrever.

Tenho gostado de matemática. Muito. Tenho me envolvido com isso e me aprofundado e mergulhado nisso.Às vezes acordo de manhã e penso "ah, então o que aquela frase daquela demonstração queria dizer era isso...". Lembro de quando eu decidi, no ano passado, que minhas coisas favoritas de estudar eram computação e matemática. Oh well. Agora minha lista de preferências começa com matemática, seguida por biologia, seguida por computação. Mas acho que é assim mesmo, e não tem por que eu mudar de idéia. Eu sempre tive consciência de que escolhi Ciências da Computação apenas porque Matemática Aplicada e Computacional era noturno. E Computação é uma coisa que pode te dar mais emprego e etc. Sei lá, não tenho estado afim de ter um emprego. Quero estudar pra caralho e passar o resto da vida estudando. Hoje resolvi ocupar meu tempo livre com uma aula de Álgebra. E me sinto terrivelmente feliz.

E como nada pode ser perfeito eu tenho me sentido ao mesmo tempo meio solitária. Meio vazia. Sinto falta de algo que não sei bem o que é. Pessoas, caçadas, eu acho. Faz alguns meses desde a última vez em que conheci alguém novo ou tive vontade de caçar alguém específico, e às vezes acho que essas coisas são necessárias para a minha paz de espírito. Hoje tive um sonho muito divertido em que eu tentava seduzir duas lésbicas adoráveis. Mas eu tenho um pouquinho de mêdo de lésbicas, alguns de vocês podem imaginar porquê. No final do sonho eu saía da tal festa e ia de bicicleta para a faculdade junto com o Renex. No fim das contas eu sou uma pessoa feliz.

Mas não feliz demais. Me sinto inquieta, como se algo estivesse se dirigindo para uma condição errada, como se eu estivesse subindo na montanha russa e precisasse descobrir como sair do carrinho antes que chegue a descida. Mas talvez não haja nada além do carrinho neste trilho e eu não tenha opção além de descer escorregando. Ou talvez eu já tenha pulado fora do carrinho e esteja tentando voltar para dentro dele. De qualquer forma, acho que os últimos quatro anos me ensinaram a ser terrivelmente desconfiada em relação às minhas próprias decisões.

Mas não estou realmente afim de estudar bioinformática, não ainda, e não consigo me convencer a parar e retomar os teoremas de àlgebra que o Agozzinni sugeriu que eu estudasse. Isso requer muita concentração. E é tão gostoso gastar essas horas lendo o Murray ou o Spivak, destrinchando equações diferenciais ou tentando provar propriedades óbvias das operações com números reais usando apenas as definições...

domingo, 7 de agosto de 2011

O Registro

"Extraio de mim para o papel; o sumo de minha alma para o papel"



Vou começar este post copiando algumas páginas do meu caderno:
"[4/8/2011] (...)
Ontem...
... Hoje quero escrever coisas muito íntimas, e como as pessoas do meu lado tendem a ler eu caderno contra a minha vontade enquanto escrevo, eu estou evitando escrever. Lembrei agora daquela página daquele antigo diário que escrevi toda em código (arghe-sangue-pirata, para quem isso significa alguma coisa) porque ninguém podia saber do meu desejo secreto pelo prof. paiva. Hoje isso parece tão bobo. Eu preferia qu aquela página estivesse em uma língüa que eu pudesse ler.
Estive pensando muito sobre coisas que eu achava de um jeito e agora vejo qu acho de outro, e é um pouco surpreendente notar que eu achava todas essas coisas absurdas. Lembra de quando eu tinha fantasias com namorar o Yuri e trai-lo com o Charles? E encontrei uma falha naquele plano da Ana Bruner de escrever minha Weltanschauung: eu nunca poderia prever que essas coisas que mudaram seriam relevantes o suficiente para anotá-las! Quantas outras coisas eu nem poderei lembrar? Estes cadernos são o melhor registro de quem eu sou, de quem eu era quando os escrevi. E mesmo que eu escreva todos os dias, sempre falta alguma coisa. Tem tanta coisa que não dizemos. Tem tanta coisa que nem pensamos nas vozes superiores do pensamento! Talvez eu devesse me proucupar mais em guardar comentários em blogs alheios, dou muito mais opiniões ali. Ou pelo menos opiniões mais incisivas. Talvez eu devess desencanar disso tudo também, afinal, de que me serve obter tão extenso registro? Que me serve ter um registro tão extenso e cuidadoso de mim?"

Com uma freqüência assustadora, eu percebo que no passado eu pensava coisas que hoje em da me arecem totalmente absurdas. Essa fantasia da tração é uma das que mais me choca. Naquela época eu estava começando a descobrir quão difícil é tentar amar uma só pessoa, e eu queria ter os dois (como todo mundo sabe, eventualmente eu acabei namorando os dois, um depois do outro. Mas não foi uma coisa planejada. Acho que foram só paixões muito intensas que não desapareceriam se não se cncretizassem), e eu achava que não havia nenhuma olução lícia, por isso nas minhas fantasias eu buscava as soluções ilícitas. Isso foi antes do episódio em que eu decidi que não ia mais namorar e no qual o Di conseguiu me mostrar que existiam outras opções de vida. Hoje em dia, eu considero que se eu quero trair (propositalmente) meu namorado, é porque eu não devia estar namorando com ele pra começo de conversa. Fico aliviada por ter chegado a essa conclusão sem passar por nenhuma situação realmente problemática (pelo menos nesse âmbito). Sempre fui correta demais para conseguir fazer algo que eu sabia que machucaria alguém que eu amo (e eu sempre tive certeza de que não conseguiria realmente mentir para alguém amado e íntimo).

Acho que por um lado me é útil fazer esse registro de mim, porque assim eu consigo ver mais claramente o que mudou, o que ficou. Além disso, eu posso escrever, eu tenho sobre o que escrever, eu gosto de escrever e de faer palavras bonitas. E no blog, é claro, eu posso me comnicar. Mesmo nos meus cadernos-diários eu sempr sinto que estou escrevendo para alguém. Talvez seja a marina do futuro. Tavez eu esteja escrevendo para uma menina do futuro que vai encontrar esses registros e le-los um a um. Às vezes eu tenho vontade e ostro o qe escrevi para algumas pessoas. Eu sou sincera porque acho que não vale a pena viver se não e para viver plenamente, sinceramente, sendo quem você é. Eu escrevo em um úico blog porque me recuso a me fragmentar. No mesmo lugar escrevo poesia, discuto meus estudos e assuntos acadêmicos, divago sobre política e sociedade, e temas que são totamente inapropriados para uns ou outros públicos. Porque eu me recuso a me fragmentar. Mas para quem estou escrevendo?

E por quê? Será que isso sequer é realmene uma questão? Acho que se eu continuar registrando, eu nunca vou me arreender.

...

Eu tenho uma certa necessidade de preservar o presente, sabe?

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Cinqüenta Presas

"Mas jamais poderei esquecer de uma sensação – ao vê-lo fumando nu na janela, pensei: 'quero de novo. E de novo. E de novo'." - Letícia



Estive lendo o blog da @sexocomletícia, www.cemhomens.com/, e me divertindo com nossas semelhanças e diferenças de visão de mundo, com as experiências interessantes que ela tem para compartilhar, e com os pensamentos também. Às vezes uma ou outra afliçãozinha de não me sentir parte do mesmo mundo que ela, mas isso passa. A Letícia é mais uma das mulheres divertidas que a Pretzel me mostrou na internet. O que me faz pensar que eu devo ter muito em comum com a Pretzel. E quando eu estava fazendo estágio e tinha que aturar aquele papo de homem de escritório (não quero realmente generalizar, mas criei muitos preconceitos contra o mundo das empresas) essas mulheres me permitiam acreditar que eu não estava sozinha num mundo hostil que nos odeia e nem se dá conta disso. Elas, e os protestos a favor do casamento gay.

A verdade é que eu gosto de uma vida divertida, livre e pessoal, digo, personalizada, e gosto que ela seja de um jeito particular que não é totalmente padrão e que é totalmente contra algumas das nossas intituições morais e aquilo que a gente finge ser quando conversa com as nossas tias (felizmente eu tenho uma família bem tranqüila, mas ainda tem uma porção de coisas que acho que nunca vou compartilhar tranqüilamente com alguns membros dela). E eu me encontro muito com algumas das coisas que a Letícia diz. Chego a ficar com uma leve inveja dela. Ultimamente, com a faculdade e o namorado e estágios e família e gatos e o diabo a quatro, não tenho tido muita disponibilidade, tanto de tempo como de espírito, pra viver aventuras assim.

Ultimamente, não tenho nem sabido quem caçar. Todas as pessoas por quem tenho me interessado fervorosamente estão namorando, ou só gostam de homem, ou os dois. Ou eu nunca as vejo. E eu sempre me sinto um pouco envergonhada por reclamar disso enquanto eu tenho um namorado, e depois eu sempre me sinto meio ridícula por me sentir envergonhada por algo que eu já aceitei que faz parte de mim e que eu não quero mudar. Ontem eu estava conversando sobre isso com o Diogo (que é sempre um amigo muito bom quando você precisa compartilhar um segredo) e ele perguntou: "Isso é normal pra você?", e eu disse "sim", e foi isso, estava resolvido. Agora eu só preciso que aquelas pessoas que têm namorado de quem eu estava falando tenham uma visão parecida com a minha.

E tem aquela coisa de esse texto dizer que "Como ainda não conheci nenhum homem que pudesse satisfazer uma mulher que quer “de novo, de novo, e de novo”, o jeito é utilizar os serviços de vários homens. Talvez, até de mais de um ao mesmo tempo".

Mas faz algumas semanas eu me dei conta de que não é só porque você tem um namorado mais ou menos disponível que você tem que fazer sexo todo dia. Eu descobri isso e foi surpreendente porque eu achava que eu já sabia que namoro não era só sexo. Mas parece que não, eu achava que era sim. Aí o André me disse que não era bem assim e eu parei pra pensar e, realmente, tem dias em que tem coisas mais legais pra fazer. Não coisas legais em absoluto, coisas que são legais naquele dia. Sim, ir numa festa louca com todos os seus amigos, rir por doze horas seguidas, é sempre muito legal. Mas tem dias em que coisas banais são mais legais do que sexo, tipo jogar Theme Hospital. Ou consertar a bicicleta. Ou ficar enrolado no sofá vendo TV e jogando Kongregate.

Por outro lado há dias em que todos os meus pensamentos levam a sexo, e tudo o que eu quero é comer todo mundo. Eu fico um pouco desorientada nesses dias, até porque obviamente eu nunca como todo mundo. Eu não sei se todo mundo tem esses dias de fera, em que todas aquelas outras coisas da vida parecem só uma decoração em volta do prato principal que é comer alguém. Imagino que seja uma coisa meio normal. As pessoas devem lidar com isso de formas diferentes, também.

E talvez esse texto tenha me pegado por que ela sofria com uma paixão não correspondida e aí encontrou um cara que a fez desencanar um pouco disso e simplesmente se libertar e ir se divertir. Foi uma experiência que realmente a modificou, dá pra sentir ao longo da história. E acho que eu quero um pouco alguma coisa que me faça desencanar das coisas com as quais estou encanada agora. Que me faça mais lôba, mais feliz e menos mimizenta.

http://www.cemhomens.com/2011/06/numero-1-irresistiveis-olhos-verdes.html#more