palavra por palavra, procuro chegar, devagar, ao lugar de La Loba.
"O silêncio", disse o griot,"só é escuro no começo..."
terça-feira, 27 de outubro de 2009
buuh
Eu tentei colocar aqueles marcadorezinhos no fim do post e não consegui. Ou pelo menos eu não tô vendo. Que droga.
segunda-feira, 26 de outubro de 2009
Cinco Músicas dos Beatles
I am the Walrus
A Day in the Life
Strawberry Fields
While My Guitar Gently Weeps
Come Togheter
A Day in the Life
Strawberry Fields
While My Guitar Gently Weeps
Come Togheter
quinta-feira, 22 de outubro de 2009
Resumindo
Talvez eu te deva uma explicação sobre o que escrevi antes, Ugo. Talvez eu me deva uma promessa de voltar a Escrever.
Fuck-it. Vou passar na seção de graduação e trancar metade das minhas matérias. Se eu parar de mentir pra mim mesma e pros meus colegas, atlvez eu ainda tenha uma chance.
Digam "longas noites e belos dias" pra mim.
Me digam que um dia eu terei dias longos e noites belas. Um dia...
(quando eu escrevo este tipo de post, eu realmente me pergunto porque alguém leria)
Fuck-it. Vou passar na seção de graduação e trancar metade das minhas matérias. Se eu parar de mentir pra mim mesma e pros meus colegas, atlvez eu ainda tenha uma chance.
Digam "longas noites e belos dias" pra mim.
Me digam que um dia eu terei dias longos e noites belas. Um dia...
(quando eu escrevo este tipo de post, eu realmente me pergunto porque alguém leria)
quarta-feira, 21 de outubro de 2009
Vício
Ah, não que eu seja digna de flara qualquer porra, mas eu vou tentar.
Em primeiro lugar, é uma merda se viciar em coisas que são necessárias pra sua sobrevivência cultural e social. Eu detesto me viciar em livros, quadrinhos, histórias. Entretanto não posso evitar. Será que eu detesto a minha vida tanto assim que a ficção seja realmente a única coisa que eu faço que faz sentido? Tive a sensação recentemente que tinha acabado de acabar um melhor-ano pra mim. Um ano de amor, aventura e descoberta. Um ano de Verdade. Mas agora só restam migalhas, molho esparramado na toalha de mesa, copinhos de plástico amassados, essa merda toda. Um salão de festas vazio, é o que estou dizendo. Cacos de vidro em algum lugar.
Muito pouco e estamos no Inferno de novo. É muito fácil se tornar um tolo.
Em segundo lugar, eu fico pensando se eu devia parar de ler a droga do blog do bruno porque cada vez que eu leio eu sinto que eu fico verdadeiramente com raiva. Me lembra um pouco o que aconteceu quando eu fui amiga (a parte mais dopada de mim quase disse ka-tet) do tu, eu sentia cada vez mais raiva dele, raiva da sua dor, raiva por sob um oceano de amor, sim, mas raiva nonetheless. A diferença entre os dois, provavelmente, é a idade. E que o bruno não está apaixonado. Parte de mim geme porque eu também não tenho nenhuma resposta, nem pra mim. Aliás
acho que vocês são amigos bastante bons. Também acho que ninguém ousa me mostrar o pior dentro de si.
Um me disse o pior, ié, me rejeitou como um cara rejeita uma cadela vadia, e eu gani em resposta um vômito de todas as minhas ânsias. MAS O mundo é um lugar ridículo! Nada tem importância! Nossa dor virou sopa, nossas questões existenciais foram simplesmente desprezadas! O mundo real é completamente covarde!
Eu me lembro de ter dito pra ele (naquele dia que fomos passear na chuva, vocês dizem) algo como não seja ridículo! porque eu e ele partilhamos o khef, e não há segredos dentro do ka-tet (eu desisti de lutar contra essas palavras - maldito stephen king). "Eu devia ter percebido que você tinha um problema com segredos", foi a resposta. (vai se fuder, respondeu minha mente, subitamente revelada sua máxima covardia) Essa conversa ainda me devora por dentro. Por isso a necessidade estúpida de revelá-la.
Mas sabe, também estou sozinha. Isso dói por dentro, e eu não tenho vontade nenhuma de continuar em frente. Foda-se a minha vida. Só mais quinze páginas. Só mais um capítulo. Não consigo pensar em nada enquanto espero chegar em casa e pegar o próximo livro. Pensando bem, que bom, não quero mais pensar em nada mesmo.
Em primeiro lugar, é uma merda se viciar em coisas que são necessárias pra sua sobrevivência cultural e social. Eu detesto me viciar em livros, quadrinhos, histórias. Entretanto não posso evitar. Será que eu detesto a minha vida tanto assim que a ficção seja realmente a única coisa que eu faço que faz sentido? Tive a sensação recentemente que tinha acabado de acabar um melhor-ano pra mim. Um ano de amor, aventura e descoberta. Um ano de Verdade. Mas agora só restam migalhas, molho esparramado na toalha de mesa, copinhos de plástico amassados, essa merda toda. Um salão de festas vazio, é o que estou dizendo. Cacos de vidro em algum lugar.
Muito pouco e estamos no Inferno de novo. É muito fácil se tornar um tolo.
Em segundo lugar, eu fico pensando se eu devia parar de ler a droga do blog do bruno porque cada vez que eu leio eu sinto que eu fico verdadeiramente com raiva. Me lembra um pouco o que aconteceu quando eu fui amiga (a parte mais dopada de mim quase disse ka-tet) do tu, eu sentia cada vez mais raiva dele, raiva da sua dor, raiva por sob um oceano de amor, sim, mas raiva nonetheless. A diferença entre os dois, provavelmente, é a idade. E que o bruno não está apaixonado. Parte de mim geme porque eu também não tenho nenhuma resposta, nem pra mim. Aliás
acho que vocês são amigos bastante bons. Também acho que ninguém ousa me mostrar o pior dentro de si.
Um me disse o pior, ié, me rejeitou como um cara rejeita uma cadela vadia, e eu gani em resposta um vômito de todas as minhas ânsias. MAS O mundo é um lugar ridículo! Nada tem importância! Nossa dor virou sopa, nossas questões existenciais foram simplesmente desprezadas! O mundo real é completamente covarde!
Eu me lembro de ter dito pra ele (naquele dia que fomos passear na chuva, vocês dizem) algo como não seja ridículo! porque eu e ele partilhamos o khef, e não há segredos dentro do ka-tet (eu desisti de lutar contra essas palavras - maldito stephen king). "Eu devia ter percebido que você tinha um problema com segredos", foi a resposta. (vai se fuder, respondeu minha mente, subitamente revelada sua máxima covardia) Essa conversa ainda me devora por dentro. Por isso a necessidade estúpida de revelá-la.
Mas sabe, também estou sozinha. Isso dói por dentro, e eu não tenho vontade nenhuma de continuar em frente. Foda-se a minha vida. Só mais quinze páginas. Só mais um capítulo. Não consigo pensar em nada enquanto espero chegar em casa e pegar o próximo livro. Pensando bem, que bom, não quero mais pensar em nada mesmo.
quarta-feira, 14 de outubro de 2009
Resposta
Eu não quero ser você.
Por que não?
Porque dói. É só isso. Me pesa sobre os ombros. Por que eu tenho que ser algo que não me é naturalmente? Porque seguir em frente tem que ser um sofrimento? Eu quero poder andar com os meus próprios pés.
Mas eu não sou Dor. Eu sou o Mundo. Eu sou o Humano dentro de você. Eu quero ser você. Você é poder, você me alimenta, me permite ir em frente um passo de cada vez, me permite resistir às interpéries. Você é a minha esperança. Se você desistir de mim, eu morro. Não, não morro, pior: eu perco. Se você resistir a mim, eu serei derrotada. Você não precisa sofrer. Você só precisa ser forte. Forte para ag"uentar as infindáveis batalhas que temos pela frente. Se formor fortes e rápidas, venceremos uma guerra! Sairemos vitoriosas, eu prometo. Nós podemos ser grandes. Nós podemos fazer tudo. Nós podemos inclusive ser as melhores de todas. Nós só precisamos persistir. Você precisa persistir. Precisa ter disciplina, ter força de vontade, ter coragem. E você vai se tornar Humana no final. No final, sem dúvida você fará parte dessa massa. Você não precisa estar sozinha. Eu não preciso estar sozinha. Vamos vencer!
Mas eu não quero vencer. Vencer o quê? Quem é o inimigo? Eu não estou sozinha — eu tenho amigos. Eu tenho quem morreria por mim, se eu precisasse. Eu tenho quem se divertiria comigo. Eu tenho amigos.
Mas não tem quem possa contar com você. Isso é o que eu posso te dar. Confiança. Reconhecimento. Eu também só quero ter bons amigos, como você. Em verdade eu te invejo. Eu invejo suas amizades, suas felicidades. Eu também só quero ser feliz. Eu preciso da sua força para ser feliz. Eu preciso da sua vida. Você poderia me permitir chegar às alturas, chegar à vitória final sobre as nossas fraquezas. Entretanto você prefere ser fraca. Fraca, incompleta e pouco confiável. É isso o que você é!
Não! Eu sou Forte. Se apenas eu não quiser vencer, eu posso ser forte. Você quer sugar minha vida para dentro de você, transformar minha magia em técnica, minha imaginação em criatividade, mas eu não preciso deixar. Eu posso morrer se eu quiser, eu posso pular no poço do esquecimento, eu posso abandonar você, e você morre, mas eu não preciso deixar você me matar. Eu não vou virar mão de obra para a sua guerra pelo mundo. Eu tenho planostambém! Eu posso ser Pequena. Se você me deixasse, eu chegaria a um sucesso próprio pelas minhas mãos. Mas você não quer só felicidade, você quer sentar na pilha de ossos, você quer reinar sobre a minha libernade. Não. Eu quero mais que ser escrava das suas ambições. A dor que eu sinto toda vez que você me monta é muito maior que a satisfação que vem depois. Nunca vem verdadeira satisfação depois! Você me diz que estamos construindo algo, mas estamos construindo só a sua pilha de ossos. São os meus ossos, os ossos dos meus sonhos. Você pode travar suas batalhas em outro lugar.
Não é uma pilha de ossos, é uma pilha de trabalhos. Os deveres que você quer esquecer é que fazem a sua pessoa. Eu quero montar um portfólio, uma cara com que se mostrar ao mundo. Ou vão dizer: aí vai aquela que nunca fez nada. Eu quero fazer alguma coisa, não é tão horrível. Eu quero fazer uma reputação também.
Foda-se a sua reputação. Vou me jogar num buraco e fazer os meus próprios trabalhos. Eu posso esquecer de você, dos deveres, até dos amigos, e aí Eu vou poder fazer alguma coisa, como você diz. Longe das suas guerras, eu posso construir um mundo de verdade.
Você precisa dos amigos, e eles nunca te acompanhariam aonde você quer ir. Admita, você precisa de mim. Precisa de mim porque eu posso te dar esse sabor da construção sem que você tenha que abandonar seus amigos. Tudo o que eu preciso é que você abandone a sua liberdade. Que prostitua sua alma sim, seus desejos e tudo mais, mas você certamente consegue lidar com isso. Afinal a magia não é tudo — o que se faz em vida é que realmente determina o seu destino.
-----------------
Estou lendo Lirael... : será que eu posso simplesmente não ser uma Clayr?
Por que não?
Porque dói. É só isso. Me pesa sobre os ombros. Por que eu tenho que ser algo que não me é naturalmente? Porque seguir em frente tem que ser um sofrimento? Eu quero poder andar com os meus próprios pés.
Mas eu não sou Dor. Eu sou o Mundo. Eu sou o Humano dentro de você. Eu quero ser você. Você é poder, você me alimenta, me permite ir em frente um passo de cada vez, me permite resistir às interpéries. Você é a minha esperança. Se você desistir de mim, eu morro. Não, não morro, pior: eu perco. Se você resistir a mim, eu serei derrotada. Você não precisa sofrer. Você só precisa ser forte. Forte para ag"uentar as infindáveis batalhas que temos pela frente. Se formor fortes e rápidas, venceremos uma guerra! Sairemos vitoriosas, eu prometo. Nós podemos ser grandes. Nós podemos fazer tudo. Nós podemos inclusive ser as melhores de todas. Nós só precisamos persistir. Você precisa persistir. Precisa ter disciplina, ter força de vontade, ter coragem. E você vai se tornar Humana no final. No final, sem dúvida você fará parte dessa massa. Você não precisa estar sozinha. Eu não preciso estar sozinha. Vamos vencer!
Mas eu não quero vencer. Vencer o quê? Quem é o inimigo? Eu não estou sozinha — eu tenho amigos. Eu tenho quem morreria por mim, se eu precisasse. Eu tenho quem se divertiria comigo. Eu tenho amigos.
Mas não tem quem possa contar com você. Isso é o que eu posso te dar. Confiança. Reconhecimento. Eu também só quero ter bons amigos, como você. Em verdade eu te invejo. Eu invejo suas amizades, suas felicidades. Eu também só quero ser feliz. Eu preciso da sua força para ser feliz. Eu preciso da sua vida. Você poderia me permitir chegar às alturas, chegar à vitória final sobre as nossas fraquezas. Entretanto você prefere ser fraca. Fraca, incompleta e pouco confiável. É isso o que você é!
Não! Eu sou Forte. Se apenas eu não quiser vencer, eu posso ser forte. Você quer sugar minha vida para dentro de você, transformar minha magia em técnica, minha imaginação em criatividade, mas eu não preciso deixar. Eu posso morrer se eu quiser, eu posso pular no poço do esquecimento, eu posso abandonar você, e você morre, mas eu não preciso deixar você me matar. Eu não vou virar mão de obra para a sua guerra pelo mundo. Eu tenho planostambém! Eu posso ser Pequena. Se você me deixasse, eu chegaria a um sucesso próprio pelas minhas mãos. Mas você não quer só felicidade, você quer sentar na pilha de ossos, você quer reinar sobre a minha libernade. Não. Eu quero mais que ser escrava das suas ambições. A dor que eu sinto toda vez que você me monta é muito maior que a satisfação que vem depois. Nunca vem verdadeira satisfação depois! Você me diz que estamos construindo algo, mas estamos construindo só a sua pilha de ossos. São os meus ossos, os ossos dos meus sonhos. Você pode travar suas batalhas em outro lugar.
Não é uma pilha de ossos, é uma pilha de trabalhos. Os deveres que você quer esquecer é que fazem a sua pessoa. Eu quero montar um portfólio, uma cara com que se mostrar ao mundo. Ou vão dizer: aí vai aquela que nunca fez nada. Eu quero fazer alguma coisa, não é tão horrível. Eu quero fazer uma reputação também.
Foda-se a sua reputação. Vou me jogar num buraco e fazer os meus próprios trabalhos. Eu posso esquecer de você, dos deveres, até dos amigos, e aí Eu vou poder fazer alguma coisa, como você diz. Longe das suas guerras, eu posso construir um mundo de verdade.
Você precisa dos amigos, e eles nunca te acompanhariam aonde você quer ir. Admita, você precisa de mim. Precisa de mim porque eu posso te dar esse sabor da construção sem que você tenha que abandonar seus amigos. Tudo o que eu preciso é que você abandone a sua liberdade. Que prostitua sua alma sim, seus desejos e tudo mais, mas você certamente consegue lidar com isso. Afinal a magia não é tudo — o que se faz em vida é que realmente determina o seu destino.
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Estou lendo Lirael... : será que eu posso simplesmente não ser uma Clayr?
quinta-feira, 8 de outubro de 2009
Ei!!!
Hoje eu entrei no Casa de Algodão e descobri que o cara misterioso havia feito um comentário que comentava o meu comentário. Aquele comentário me deixou extremamente embaraçada! Que direito tinha ele de comentar tão abrintemente meu comentário? Se eu comento, e você comenta o que eu comento, então você me comenta. Você me come; você come meu comentário. Você me engole. Eu viro matéria prima, e você, o argilista. Eu viro títere. Eu viro massa amorfa. Eu deixo de ser gente para virar personagem. No final, como sempre, tudo vira literatura e música.
/* NOTA: Será que as pessoas se sentem assim massaamorfa quando eu falosobre elas neste blog? */
Acho que me senti tão usada e falada porque de fato aquele comentário que eu tinha escrito tinha sido especialmente emotivo. Acho que eu estava de TPM == hormônios causando e meio emocionada por estar saindo do estágio do qual eu gostava e de qualquer forma os escritos, aliás, os pensamentos do Bruno de modo geral sempre me revoltam. E quando as pessoas usam suas emoções pra construir seu argumento você naturalmente se sente usado, ou invadido. Afinal:
Como é possível que alguém se aproprie das minhas emoções? Se alguém se apropria delas, elas deixam de ser minhas. Mas que sentido têm minhas emoções se elas não são pessoalmente minhas? Isso quer dizer que elas não são pessoais — então, minhas emoções são gerais, são só um indício de que eu sou como todos os outros, não são um indício da minha individualidade! Você usa minhas emoções que são criadas pelo meu próprio âmago e prova que elas são a argila da população! O que tenho de mais íntimo é o que compõe igualmente toda a humanidade! Então, eu não sou eu por causa das minhas emoções. Então, se não sou o que sinto, o que sou eu? Sou o que penso? Sou como vejo? Sou o ver-através-dos-olhos? Mais que isso, se as emoções não são minhas, então nossa amizade, que é um sentimento tanto quanto uma relação, também não é minha. Então, eu não sou eu — porque não posso ser eu se não sou minhas amizades. Então eu inteira sou personagem, sou massa morfa, sou tipo. Isso é violento porque me descaracteriza. Você me descaracteriza toda vez que me compreende? Perceber o que estou sentindo é roubar de mim o sentimento? Viver em conjunto, então, que só é possível pela compreensão mútua das emoções, viver em conjunto é uma destruição sistemática da individualidade? Não, não é isso ainda. Minha revolta é porque quem falou de mim não me conhece (não importa se a pessoa real conhece; quem falou de mim era um personagem), e se não me conhece não compreende minhas emoções. Eu sou tipo porque sou a partir da fala de quem só conhece de mim o tipo. Se você não me conhece, se não me emociona, vê em mim as emoções listadas na sua compreensão vaga e sistêmica do rol das emoções humanas. As emoções humanas da sua lista servem para compôr a sua compreensão sistêmica dos humanos, são o barro ou a massa da sua concepção do humano, mas não são para absorver a compreensão das pessoas com quem você convive, as pessoas que você ama, as pessoas que são através das suas emoções. Assim através de você eu sou só uma concepção genérica do humano. Toda vez que um desconhecido fala do meu eu real, que só é conhecível através do contato real, ou melhor, toda vez que alguém me descreve a partir da generalização, eu me torno essa coisa barro, tipo, rosto inexpressivo do desconhecido sem rosto, elemento da massa.
Todas as pessoas têm uma individualidade, cuja complexidade esperamos que seja não-indexável. Toda vez que falamos sobre o desconhecido, estamos desconhecendo ele.
E desconhecer uma pessoa é perder a oportunidade de conhecê-la. A princípio. Porque também é, sempre, uma espécie de contato, capaz de criar novas interações.
/* NOTA: Será que as pessoas se sentem assim massaamorfa quando eu falosobre elas neste blog? */
Acho que me senti tão usada e falada porque de fato aquele comentário que eu tinha escrito tinha sido especialmente emotivo. Acho que eu estava de TPM == hormônios causando e meio emocionada por estar saindo do estágio do qual eu gostava e de qualquer forma os escritos, aliás, os pensamentos do Bruno de modo geral sempre me revoltam. E quando as pessoas usam suas emoções pra construir seu argumento você naturalmente se sente usado, ou invadido. Afinal:
Como é possível que alguém se aproprie das minhas emoções? Se alguém se apropria delas, elas deixam de ser minhas. Mas que sentido têm minhas emoções se elas não são pessoalmente minhas? Isso quer dizer que elas não são pessoais — então, minhas emoções são gerais, são só um indício de que eu sou como todos os outros, não são um indício da minha individualidade! Você usa minhas emoções que são criadas pelo meu próprio âmago e prova que elas são a argila da população! O que tenho de mais íntimo é o que compõe igualmente toda a humanidade! Então, eu não sou eu por causa das minhas emoções. Então, se não sou o que sinto, o que sou eu? Sou o que penso? Sou como vejo? Sou o ver-através-dos-olhos? Mais que isso, se as emoções não são minhas, então nossa amizade, que é um sentimento tanto quanto uma relação, também não é minha. Então, eu não sou eu — porque não posso ser eu se não sou minhas amizades. Então eu inteira sou personagem, sou massa morfa, sou tipo. Isso é violento porque me descaracteriza. Você me descaracteriza toda vez que me compreende? Perceber o que estou sentindo é roubar de mim o sentimento? Viver em conjunto, então, que só é possível pela compreensão mútua das emoções, viver em conjunto é uma destruição sistemática da individualidade? Não, não é isso ainda. Minha revolta é porque quem falou de mim não me conhece (não importa se a pessoa real conhece; quem falou de mim era um personagem), e se não me conhece não compreende minhas emoções. Eu sou tipo porque sou a partir da fala de quem só conhece de mim o tipo. Se você não me conhece, se não me emociona, vê em mim as emoções listadas na sua compreensão vaga e sistêmica do rol das emoções humanas. As emoções humanas da sua lista servem para compôr a sua compreensão sistêmica dos humanos, são o barro ou a massa da sua concepção do humano, mas não são para absorver a compreensão das pessoas com quem você convive, as pessoas que você ama, as pessoas que são através das suas emoções. Assim através de você eu sou só uma concepção genérica do humano. Toda vez que um desconhecido fala do meu eu real, que só é conhecível através do contato real, ou melhor, toda vez que alguém me descreve a partir da generalização, eu me torno essa coisa barro, tipo, rosto inexpressivo do desconhecido sem rosto, elemento da massa.
Todas as pessoas têm uma individualidade, cuja complexidade esperamos que seja não-indexável. Toda vez que falamos sobre o desconhecido, estamos desconhecendo ele.
E desconhecer uma pessoa é perder a oportunidade de conhecê-la. A princípio. Porque também é, sempre, uma espécie de contato, capaz de criar novas interações.
quarta-feira, 7 de outubro de 2009
Sobre o sonho que eu mencionei no twitter (e no blog do Bruno?)
O curioso foi que todo o sonho tinha, sim, um sentido geral. Assim: a espada, o projeto e a viagem são faces diferentes da mesma pulsão que é a luta pelo sentido da própria individualidade. O Dalprá é um símbolo, o Poro é um símbolo, o Renato e o Bruno são símbolos.
Nós estávamos sentados no escuro ao redor da mesa numa festa aqui em casa, e eu havia sentado na mesa dos amigos da Talita. Eu disse alguma coisa, eu havia feito alguma coisa e disse que o Dalprá me decapitaria por causa disso. O amigo dele (Homem Preto(cabelo curto, olhos, roupas)(pele bastante clara)) disse que eu entendera tudo errado, que ele não era o tipo de gente que arrancaria cabeças. A mesa estava na FAU, era noite e estava tudo apagado, a mesa ficava na cantina vazia e no balcão mais amigos da Talita conversavam enquanto o cara montava um rádio. Eles tinham equipamentos e logo descobri que estavam montando uma rádio (pirata) que era voltada para os jogadores de RPG. Me pareceu uma idéia fantástica! Mas então mais amigos meus chegaram, aconteceram coisas que eu não entendi direito, muitas coisas, tudo mudou, cresceu, sei lá. Ninguém agrediu ninguém, nem com motivo.
O plano era o seguinte: vinte pessoas, todas muito amigas, viajariam para outra cidade e se estabeleceriam lá, todas na mesma vizinhança, talvez até na mesma casa. Ficaríamos lá dois, três meses, trabalhando, pagando o aluguel, vivendo como as pessoas de lá, fazendo bicos, e então um belo dia levantaríamos acampamemto, todos os vinte, e iríamos para a próxima cidade. Repeat.
Eu quero muito:
perder o mêdo dessa espada que me ameaça
poder efetivamente te conhecer, depois do mêdo
assumir a tara e concretizar um projeto no que me empolga
assumir o amor e construir uma vida junto com meus amigos
expôr-nos ao risco (a partir daqui somos todos-um) e viver coisas novas
conhecer cada mundo com intensidade e entrega
É muito importante pra mim esse lance de conhecer a fundo um modo de viver a princípio desconhecido. Entrar na vida da cidade e viver como parte integrante por algum tempo. Ao mesmo tempo meus amigos são indispensáveis. Não é a primeira vez que eu sonho com algo desse tipo, mas só agora sou capaz de fazer essa interpretação. Antes os ônibus de viagem eram um elemento intrigante dos meus sonhos. Os sonhos eram mais investigativos. Os signos estavam mais confundidos. Ainda aqui os signos estão misturados. Qual a relação entre espada, Dalprá e RPG? (na verdade, eu sei qual a relação, mas não sei se posso admitir). Principalmente, qual a relação entre a viagem, a amizade, e o cenário de mêdo e insegurança que veio antes? E porque eu levava o Renato na viagem?
Na verdade essas perguntas não são difíceis de se responder, eu só me pergunto se as respostas óbvias dizem toda a verdade, ou se os símbolos estão um pouco mais pro fundo do que queremos admitir.
Ontem na aula Renato disse que como eu estava associada ao número 16 ele achava que eu devia ter importância pra vida dele. Eu sei que ele tem uma certa importância na minha vida. Por isso mesmo eu gostaria de carregá-lo com o resto do meu clã, mas. Há sempre um mas. O mas é a espada? Não, a espada é o mêdo puro, o mêdo que vem de algum lugar anterior, como o desconhecido. Se eu te conhecer, você não vai mais querer me matar. Mas e se eu não for o tipo de pessoa de quem você é capaz de gostar? É essa a questão no fundo, Não é? Quando conhecemos pessoas novas, corremos sempre o risco de sermos pessoas incrivelmente chatas.
Tive um sonho outro dia no qual eu encontrava a casa de uma Bruxa. Para que eu pudesse entrar, ela abria duas portas; uma invisível. Quando passava pela porta invisível podia ver o interior verdadeiro da casa, no qual as paredes haviam sido pintadas de outra cor. A casa era muito interessante e aconchegante e a velha era uma pessoa deliciosa, diria minha mãe. Do lado de fora dois moleques tentavam encontrar a entrada secreta na casa. Olhei pela porta e podia ver os olhos deles através das persianas. Um deles era um Poro muito jovem (mas com o cabelo que ele tem hoje). Me assustei (traição?) e me escondi das vistas deles. "Não se preocupe", disse a velha, "que eles não podem ver através da parede invisível." Nós estávamos dentro da casa invísivel e por isso éramos invisíveis para eles. Mesmo assim os deixamos entrar, e eles se sentaram para comer bolo de nozes e canela conosco. Qual o sentido de se ter uma casa invisível se você deixa todo mundo entrar?
Uma vez sonhei com o Bruno, foi uma coisa assim: nós ficávamos nos encarando. Foi um sonho muito longo, muita passagem de tempo, e só um olhar fixo. Acho que nossa amizade é um pouco assim. Menos perigosa que com o Dalprá ou o Renato, menos inquietante que com o Poro, mas, de certa forma, mais exigente.
Nós estávamos sentados no escuro ao redor da mesa numa festa aqui em casa, e eu havia sentado na mesa dos amigos da Talita. Eu disse alguma coisa, eu havia feito alguma coisa e disse que o Dalprá me decapitaria por causa disso. O amigo dele (Homem Preto(cabelo curto, olhos, roupas)(pele bastante clara)) disse que eu entendera tudo errado, que ele não era o tipo de gente que arrancaria cabeças. A mesa estava na FAU, era noite e estava tudo apagado, a mesa ficava na cantina vazia e no balcão mais amigos da Talita conversavam enquanto o cara montava um rádio. Eles tinham equipamentos e logo descobri que estavam montando uma rádio (pirata) que era voltada para os jogadores de RPG. Me pareceu uma idéia fantástica! Mas então mais amigos meus chegaram, aconteceram coisas que eu não entendi direito, muitas coisas, tudo mudou, cresceu, sei lá. Ninguém agrediu ninguém, nem com motivo.
O plano era o seguinte: vinte pessoas, todas muito amigas, viajariam para outra cidade e se estabeleceriam lá, todas na mesma vizinhança, talvez até na mesma casa. Ficaríamos lá dois, três meses, trabalhando, pagando o aluguel, vivendo como as pessoas de lá, fazendo bicos, e então um belo dia levantaríamos acampamemto, todos os vinte, e iríamos para a próxima cidade. Repeat.
Eu quero muito:
perder o mêdo dessa espada que me ameaça
poder efetivamente te conhecer, depois do mêdo
assumir a tara e concretizar um projeto no que me empolga
assumir o amor e construir uma vida junto com meus amigos
expôr-nos ao risco (a partir daqui somos todos-um) e viver coisas novas
conhecer cada mundo com intensidade e entrega
É muito importante pra mim esse lance de conhecer a fundo um modo de viver a princípio desconhecido. Entrar na vida da cidade e viver como parte integrante por algum tempo. Ao mesmo tempo meus amigos são indispensáveis. Não é a primeira vez que eu sonho com algo desse tipo, mas só agora sou capaz de fazer essa interpretação. Antes os ônibus de viagem eram um elemento intrigante dos meus sonhos. Os sonhos eram mais investigativos. Os signos estavam mais confundidos. Ainda aqui os signos estão misturados. Qual a relação entre espada, Dalprá e RPG? (na verdade, eu sei qual a relação, mas não sei se posso admitir). Principalmente, qual a relação entre a viagem, a amizade, e o cenário de mêdo e insegurança que veio antes? E porque eu levava o Renato na viagem?
Na verdade essas perguntas não são difíceis de se responder, eu só me pergunto se as respostas óbvias dizem toda a verdade, ou se os símbolos estão um pouco mais pro fundo do que queremos admitir.
Ontem na aula Renato disse que como eu estava associada ao número 16 ele achava que eu devia ter importância pra vida dele. Eu sei que ele tem uma certa importância na minha vida. Por isso mesmo eu gostaria de carregá-lo com o resto do meu clã, mas. Há sempre um mas. O mas é a espada? Não, a espada é o mêdo puro, o mêdo que vem de algum lugar anterior, como o desconhecido. Se eu te conhecer, você não vai mais querer me matar. Mas e se eu não for o tipo de pessoa de quem você é capaz de gostar? É essa a questão no fundo, Não é? Quando conhecemos pessoas novas, corremos sempre o risco de sermos pessoas incrivelmente chatas.
Tive um sonho outro dia no qual eu encontrava a casa de uma Bruxa. Para que eu pudesse entrar, ela abria duas portas; uma invisível. Quando passava pela porta invisível podia ver o interior verdadeiro da casa, no qual as paredes haviam sido pintadas de outra cor. A casa era muito interessante e aconchegante e a velha era uma pessoa deliciosa, diria minha mãe. Do lado de fora dois moleques tentavam encontrar a entrada secreta na casa. Olhei pela porta e podia ver os olhos deles através das persianas. Um deles era um Poro muito jovem (mas com o cabelo que ele tem hoje). Me assustei (traição?) e me escondi das vistas deles. "Não se preocupe", disse a velha, "que eles não podem ver através da parede invisível." Nós estávamos dentro da casa invísivel e por isso éramos invisíveis para eles. Mesmo assim os deixamos entrar, e eles se sentaram para comer bolo de nozes e canela conosco. Qual o sentido de se ter uma casa invisível se você deixa todo mundo entrar?
Uma vez sonhei com o Bruno, foi uma coisa assim: nós ficávamos nos encarando. Foi um sonho muito longo, muita passagem de tempo, e só um olhar fixo. Acho que nossa amizade é um pouco assim. Menos perigosa que com o Dalprá ou o Renato, menos inquietante que com o Poro, mas, de certa forma, mais exigente.
Relatório de resultados do estágio na Unna Comunicação
Trabalhar com o Thio e o Fê me tornou mais "zen", como as pessoas dizem. Isso de ter um local de trabalho, um lugar específico pra fazer só aquilo, onde não dá pra fazer mais nada e justamente por isso eu posso não ter que fazer mais nada. Eu atrasei trabalhos, desisti de trabalhos e perdi muitas horas de sono, muito dinheiro (é claro que o pagamento compensou) e muito tempo da minha vida em ônibus, ou andando debaixo do sol, ou esperando o computador trabalhar, mas no final acho que o balanço é positivo, acho que eu sou uma pessoa mais feliz por ter vivido os últimos quarenta e quatro dias, por ter ido lá umas 18 vezes, por pegar todos aqueles ônibus, andar todas aquelas quadras, me perder, passar pela rua Balthazar, pela Baluarte, pela Avenida Pavão, pelas calçadas reformando e todos aqueles faróis.
Aprendi a mexer no Mac, aliás aprendi a detestar o Mac, aprendi a brincar no Illustrator, a assumir responsabilidade, a pedir ajuda, a viver um espaço recluso, com poucas pessoas, a conviver com quem é diferente de mim, a rir, a estar, a sair no horário, a trabalhar ininterruptamente até a hora de sair.
Foi muito divertido estar lá. Muito tranqüilo. E o Thio e o Fê foram muito legais comigo (ou talvez eles só sejam pessoas muito legais mesmo). Em muitos momentos eu até pensei que poderia trabalhar por muito tempo lá. Pena que é tão longe. E tão difícil chegar lá. E eu ando tão sem tempo. É uma pena mesmo.
Hoje quando estávamos saindo para o almoço eu me dei conta de que esse estágio foi a coisa mais desanuviante que eu fiz no último semestre. Que trabalhar ali seria mil vezes mais agradável do que estudar. Mas, ao mesmo tempo, tão menos futuro! Acho que é isso que a Universidade te dá: uma crença de que existe um futuro, um futuro radiante, no qual nós somos cada vez mais. Será que é verdade?
Aprendi a mexer no Mac, aliás aprendi a detestar o Mac, aprendi a brincar no Illustrator, a assumir responsabilidade, a pedir ajuda, a viver um espaço recluso, com poucas pessoas, a conviver com quem é diferente de mim, a rir, a estar, a sair no horário, a trabalhar ininterruptamente até a hora de sair.
Foi muito divertido estar lá. Muito tranqüilo. E o Thio e o Fê foram muito legais comigo (ou talvez eles só sejam pessoas muito legais mesmo). Em muitos momentos eu até pensei que poderia trabalhar por muito tempo lá. Pena que é tão longe. E tão difícil chegar lá. E eu ando tão sem tempo. É uma pena mesmo.
Hoje quando estávamos saindo para o almoço eu me dei conta de que esse estágio foi a coisa mais desanuviante que eu fiz no último semestre. Que trabalhar ali seria mil vezes mais agradável do que estudar. Mas, ao mesmo tempo, tão menos futuro! Acho que é isso que a Universidade te dá: uma crença de que existe um futuro, um futuro radiante, no qual nós somos cada vez mais. Será que é verdade?
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Na verdade é só, tipo, que faz muito tempo que eu não escrevo. Eu sinto falta. Tenho pensado várias coisas ultimamente. Não sei bem o que dizer.
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