Be yourself, no matter what they say
Eu preciso falar sobre aquelas meninas. Preciso falar sobre elas assim como preciso falar sobre o João Dante mas não ainda. Preciso falar porque algo acontece e é algo diferente de tudo o que aconteceu antes. Antes era apenas um sonho, agora... Digo que o dragão acorda de um breve sono, olha ao redor e decide que o Filho do Cão está por aqui. Ele se deita novamente e adormece, adormece aguardando o tempo (que virá) quando houverem mais dragões e quando eles puderem crescer e se multiplicar. Mas então algo acontece. Algo como um ligeiro tremor, uma vibração que suas grossas escamas mal percebem. "Ainda levará anos para que eu possa fazer uma armadura", disse-me o dragão do sonho; mas agora ele olha ao redor, até um pouco assustado, e pergunta: você acha que o futuro já chegou?
Elas tinham nomes como Mônica, Bárbara, Fernanda. Eram pequenas, como convém a pequenas meninas, pequenas como estas. Com os pratos brancos. Eram o futuro. Mariana, Bianca, Luna. Eram fortes, e apaixonadas. E deveriam aprender. E seriam o futuro. Eram três, e não sabíamos bem como encontrá-las. E teriam nomes como os nossos. E nos sucederiam. Isso na história. Mas um dia sonhei com estar conversando com três meninas e o Rafa, ou seria o Ugo? E um dia vi a cena do sonho e levei um susto (ninguém percebeu). E foi como se fossem elas mesmo. Não exatamente elas, mas alguma coisa parecida. O futuro já chegou? eu me perguntei, assustada. Tão rápido, com tanta antecedência?
Depois se tornaram meninas de verdade, deste mundo e não do outro. Mas eu olharia para elas em dúvida mais algumas vezes, por mais algum tempo. E então elas começaram a falar, como filhotes de dragão que finalmente se dão conta de seus poderes (dentro de mim, é claro. elas mesmas provavelmente já conheciam seus poderes). E alguma coisa me assustou. Naquelas meninas que não eram, pensando bem, tão pequenas. Alguma coisa entre dizer yuri-monitor e falar sobre mim em um de seus posts. Como dragões adolescentes que de repente assustam a todos com seus poderes. Como correntes, de algo maior do que ferro. E velhos jogos da verdade (perdi o Jogo) em que falamos de Amor, e de Deus, e eram a mesma coisa, no final das contas. E ler aquelas palavras foi como estar de novo com quinze anos, sofrendo uma paixão difícil, tendo sonhos acusadores, pensando em beijos proibidos, e descobrindo formas de ter amigos que eu não conhecia, e me fortalencendo cada vez mais, e abraçando, e sonhando. E eu olhei nos olhos daquele dragão jovem e falei, claramente:
— Eu achei que não existiam dragõas mães nesta era. Mesmo diante de ti, não posso acreditar que existas.
— A dragõa-mãe me carrega desde as eras antigas. Dragões mais nascerão — respondeu meu amigo, dulcíssimo. — Dragões cobrirão os céus, pois a dragõa-mãe ainda vive.
— E teu pai, meu amigo, ainda existe?
— Meu pai é o mesmo que o teu. Ele dorme no fundo dos mares; ele caça ao pé das montanhas. Mas as eras tiraram sua força.
— E os dragões que dormem escondidos?
— Nós os encontraremos, irmã. O meu cheiro os despertará, pois trago ainda o cheiro do berço. Nós os despertaremos, irmã, e os levaremos à mãe. Nós renasceremos, irmã.
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