sábado, 23 de julho de 2011

acha que sexualidade é uma coisa construída/formada, ou é determinada mais hormonalmente/geneticamente/biologicamente?

acho que tem muito dos dois. acho que boa parte dos impulsos mais basais é determinada pelo seu corpo (coisas de criação, como a alimentação, e principalmente uso de remédios hormonais, são importante, bem como a genética), mas a forma de lidar com seus impulsos e desejos é muito cultural. Mas acho que tomar hormônios pode te transformar numa pessoa diferente (que às vezes é o que você está buscando).

acabei de pensar que talvez você estivesse falando de orientação sexual. acho que por quem você se atrai é muito biológico. Mas nossa cultura pode determinar a quais atrações você vai dar mais atenção, levando a repressão de alguns desejos e cultivo de outros.

eu acho.

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sexta-feira, 15 de julho de 2011

novo design

Achei que o antigo estava pálido demais. Não dava pra ler fantasia direito.

Estou curtindo ver números nas "reações". Já tinha colocado essas opções fazia tempo, mas parece que no design antigo não funcionava. Acho bacana. Mas fico me contorcendo querendo saber o que as pessoas querem dizer quando clicam em uma ou outra coisa. Principalmente quando clicam no "nada a ver".

Floden Seimsisk

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Repetindo

Eu li este post antigo e tive vontade de destacá-lo. Não consegui pensar em como. Então vou simplesmente publicar de novo.

"Pensando bem, eu não vou voltar.
Eu não quero voltar. Eu só vejo fogo lá atrás.

Eu quero queimar tudo.

Eu não quero tentar reacender velhas amizades, eu não quero me basear em nada do que já foi. Eu quero cortar minhas raízes, e esquecer o passado.

Pensando bem, eu nunca vou me encontrar. Eu sou um pássaro que já voou, um inverno que passou, uma estrela que morreu, uma peça que saiu de cartaz.

Eu não quero guardar nada do meu passado. Eu quero enterrar cada caderno, cada carta de amor. Eu não quero sequer me lembrar dos sonhos, das risadas. Eu quero cortar o pecíolo e me largar no vento.

Eu quero perder a idade, perder o mêdo de envelhecer, perder o arrependimento, perder o compromisso. Eu quero perder a dor, perder a traição. Eu quero perder a culpa de ter abandonado.

Parece que quando a gente resolve um problema, a gente praticamente esquece que ele existia. Então eu quero esquecer de tudo. Eventualmente, tudo desaparece.

Eu quero me libertar da vida que eu tive até aqui. Esquecer que estou presa a ela, esquecer o dever que tenho para com ela. Eu quero recomeçar.

Acho que quem em sou agora não bate com a visão de mundo que eu tinha antes. Não bate com quem eu era, no que eu acreditava. Eu quero fechar os olhos e parar de tentar entender."

(nota:

a postagem anterior ia se chamar "mei", a palavra na minha própria língüa para "tu". Mas no último instante resolvi mudar de língüa. Se não faz diferença, posso apenas seguir meu coração.

foda-se o mêdo. Se não tenho esperanças reais, posso pelo menos continuar escrevendo.

E acho significativo que eu tome esta decisão no dia quatorze)

Hoje tive uma idéia para uma história.

Du.

Do lado de fora do círculo, uma borboleta voa como se fosse luz colorida. A borboleta é na verdade um dragão. O dragão é na verdade uma enseada. O veleiro na enseada percorre um círculo ao teu redor e canta em louvor da tua caminhada sobre as águas. Tu és uma fada. Tu cantas. Tu és o Lobo na noite, a Gata, os pêlos teus brilham sedosos refletindo um beijo matrimonial da Lua. A Lua na verdade é um espírito da chuva. Eu sei, eu corri com ela por cima de poças d'água e voei no flanco das águias procurando olhos que vissem longe, e encontrei os teus. Eu não sou tua, mas ainda assim sigo tuas pegadas. Eu sou tua porque te amo. Eu sou o Amor, O Mais Lépido dos Dragões, minhas patas fortes e grandes percorrem espaços minúsculos por cima de montanhas ancestrais, e ao meu redor todos se apaixona, ao meu redor as urzes, as carmelitas, as senóides, as taturanas. Tu és a curva regular de um regato com inclinações matemtáticas, o revelo de uma fazenda de formigas que inadvertidamente imita uma representação da função de Riemann. Eu sou uma formiga, primitiva e carnívora, uma formiga com pêlos, com caninos. Debaixo da lua eu sinto o calor dos mamíferos, eu sinto o amor dos bichos sociais, eu crio a vida em pequenos flocos, eu passo adiante um olhar de doçura. Eu sou tua porque te amo. Eu te amo porque nas bordas de um mar imenso me parece que todas as ondulações representam a canção que quero compor para ti. O castelo de areia na verdade é uma luminária. A luminária imita um vagalume. As tuas mãos imitam as mãos de milênios de cuidado carinhoso. Tu és uma serpente do mar, leviatã imensa, a luz da lua te faz brilhar prateada, tuas escamas parecem véus de seda em dias de casamento. Tentas nos falar e ouvimos o rumor primordial das nuvens. Mas tanto quero te ouvir que te entendo. A serpente na verdade é uma criança, e a criança brinca com um filhotinho de gato no jardim de uma casa de campo. Eu te quero porque te amo, porque sonho com estar contigo, porque imagino uma vida de risadas e viagens por mar. Eu vestirei a roupa do cavaleiro negro e te protegerei de todos os perigos. Eu enfrentarei os monstros e os magos cruéis, mas eu te darei a única coisa realmente boa que tenho a oferecer. No meu leito de morte, na luta derradeira contra o último dragão (e é necessário que eu perca a batalha para que os dragões sobrevivam e para que entendas o que vim fazer) eu tocarei teu rosto com minhas mãos rudes cobertas por grossas luvas, e entenderás meu carinho e minha doçura, e me amarás um pouquinho, mas saberás que não é o toque de meus dedos no teu rosto que tenho a oferecer. Quando eu te levar a galope por campos ancestrais, quando eu rir um riso de criança em tua companhia, nada disso será o que realmente quero te dar. Os homens em verdade são todos meninos, e todas as mulheres são crianças. Eu não sou melhor do que eles, e eu não posso te enganar. Mas eu te tomarei nos braços quando estiveres triste, e eu dançarei contigo quando estiveres contente, e nós andaremos da lâmina de luz que se estende sobre o mar do Belo Reino. Eu te amo, e quero compartilhar esse luar contigo. Eu tenho tanto mêdo de que não entendas... Eu tenho um mêdo imenso de que não sejas a dama que enxergo quando te vejo. Mas, mesmo se fores outra pessoa, outro tipo de fada ou mulher, eu ainda te terei em grande estima. Ainda oferecerei minha espada se quiseres ser minha rainha. Eu não posso evitar o cavalheirismo quando enxergo teus olhos feminis. Tu és a leõa com quem tenho sonhos nas minhas noites de presa. Tu és a esfinge. A esfinge na verdade é uma avó antiga da rainha Titânia. E as harpas dos meninos gregos fazem a trilha sonora do teu caminho. Tudo isto é teu, se quiseres, se puderes ver. As paisagens infinitas se cobrem de forração verdejante. No lombo de feras imensas eu conheci os corpos de homens e de animais paleóticos. Eu dancei com os mitos antigos antes de te conhecer. E tu me fascinas porque também olhaste nos olhos dos mitos. Mas não sei dizer o que pudestes ver. Eu queria dizer que anseio por percorrer contigo um campo infinito. Mas eu tenho muito mêdo de que digas "não".

Se me abandonares às minhas próprias aventuras, ainda assim não ficarei solitário. Meu espírito vagará em boa companhia, embora talvez eu ainda me sinta um pouco só. Voltarei para te contar de todas as histórias, e por mais que me doa tudo o que não puder ser contado, tentarei ao máximo mostrar a beleza das pequenas coisas, dos detalhes dos encontros. Da borboleta que na verdade era um dragão. And so forth. Mas quero te pedir que não te vistas sempre em roupas de rainha, porque alguns tipos de trabalho exigem um gibão de couro e um par de galochas. Nós vamos entrar juntas nas florestas difíceis da terra dos Anjos. Nós vamos encontrar os olhos de antiqüíssimos deuses do Norte, de antes do Ragnarokk. E vamos pegar carona nos velhos ventos. Serás minha princesa, mesmo se não fores minha companheira de batalhas. Mas meus companheiros então serão tufões de vento, criaturas da noite, pessoas de coração como o meu, dispostos a enfrentar dragões, capazes de amar os dentes das bocas que os mordem.

Eu não guardarei rancor, porque também os amo, porque não estarei só e entenderei tua decisão de não vir conosco. Na verdade apenas serei capaz de aceitar essa decisão porque não estou só, mesmo agora. Tenho um sonho que me acompanha, um gato de orelhas negras que está sempre perto dos meus pés e corre comigo e me carrega nas costas quando preciso descansar. Eu sonhava com que dormisses comigo aninhada na barriga fofa desse animal, eu sonhava com que caçasse conosco pelos campos nevados e pelas florestas fechadas e pela tundra que cobre as planícies perto da noite. Mas se me disseres não, montarei no flanco do meu gato, vestirei minha armadura e amarrarei teu lenço, minha dama dos sonhos, na ponta da minha lança, antes de seguir para o Castelo de Nuvens onde o Rei dos Elefantes, que tem seis braços de seis diferentes cores, me dará uma missão. Eu não ficarei sozinha, mas em noites de lua mansa em que a brisa do mar-de-longe me trouxer o cheiro das nossas viagens, eu segurarei o lenço, rasgado e manchado de sangue, perto da boca, sem coragem de morder, com mêdo de perturbar os velhos demônios da tua falta. E tu serás um sonho que corre pelos uivos dos lobos, vivendo uma vida fora do meu alcance. Eu voltarei para ti, cheio de cicatrizes, e beberemos e comeremos e trocaremos histórias de caça e de reinado. Mas a cada inverno eu me terei mêdo de ter te perdido outra vez. Eu quererei te ter comigo, meu irmão de sonhos, minha irmã de noites. O gato na verdade é um homem. Tu viverás sem mim. Eu me esforçarei para parar de mentir para ti, de parar de me esconder. Tu serás feliz.

Mas esta noite, quando eu morrer na luta contra o dragão, eu cavaleiro de histórias antigas, eu teu Lancelot-Morgana, condenado a te deixar nas mãos de Guinevere, eu tocarei teu rosto com amor e explodirei como um milhão de liridas g'alambra, um milhão de pássaros de sombras levando-te comigo em todas as direções. E tu te tornarás um animal de asas.

Nos separaremos, então. Sempre nos separamos. Mas distantes é que se torna forte a única coisa realmente preciosa que posso oferecer e que ainda não tenhas: sozinha é que melhor saberás apreciar a Liberdade. Antes de ser Lancelot eu me chamava Galahad. E tu, quando não eras rei, te chamavas Gwydion. Tu eras um gamo jovem. E tu eras uma dama-fada, enfeitiçada pelos rei de Faërie. E eu era uma Lôba jovem, Raksha, uma mãe de lobos e homens, uma mulher do sangue, e um príncipe, desses que toma navios para o fim do mundo, desses que nada tem fora a própria liberdade. E eu... eu vim até aqui apenas para oferecê-la a ti. Eu sei que não a queres. Eu sei que queres todo um outro mundo. Mas não posso evitar sonhar com a tua companhia. Não posso evitar sonhar que enxergues que apenas quero te permitir ser feliz mesmo quando os reis do teu castelo não puderem te fazer sorrir. Eu quero te dar a ti mesma. Eu quero os teus olhos nos meus. Eu tenho mêdo. O rei era na verdade um namorado. O gamo era na verdade uma carta. A espada era na verdade um telefonema. Vamos voltar para casa agora. Eu te amo.

Río Abajo Río

quarta-feira, 13 de julho de 2011

De novo

De novo eu escrevi e não tive coragem de mostrar. Como uma carta de eu escrevi e não consegui mandar. Eu nunca consigo te dizer a verdade. Eu tenho tanto mêdo que a única vez que eu te disse a verdade foi porque eu não a conhecia ainda. Aí eu entendi. Mas essa foi uma vez em que você me escreveu de volta. Eu fiquei tão feliz! Depois você escreveu outras coisas, e tivemos um ou outro momento em que você falou comigo. Mas eu não sei, é sempre tão difícil pra mim falar com você.

Talvez eu devesse parar de tentar me esconder.

Fiddler's Green

terça-feira, 12 de julho de 2011