sexta-feira, 20 de agosto de 2004

Esse foi um dia realmente muito estranho...


Hoje foi um dia estranho pra caramba... Eu acordei às cinco da manhã, fui tomar banho, chegamos na escola cedo, aí meu dia caiu em qualidade quando eu lembrei que teria que fazer uma redação com estrutura clássica rígida na primeira aula e não tinha a menor idéia... Entrei na classe, como eu disse antes, estava cedo, deu tempo de papear um pouquinho, abraçar os amigos (o que aliás gerou um comentário assaz desagradável por parte de outro deles que eu quase nem queria ter ouvido...) e falar altas bobagens... Devo lembrar que eu estava com bastante sono...

Tá bom, eu fiz a tal da redação, acabei-a depois da aula acabar, como sempre, com várias pessoas me aporrinhando através da porta, e acho que ficou um lixo, mas vamos ve, né, fazer o quê... No intervalo a Marina me perguntou muito interessada altas coisas sobre o Comênius, o yuri foi explicar o grandioso método de achar a raiz quadrada de números muito grandes, e nào conseguimos terminar antes do Reinaldo chegar e olhar com uma cara estranha pra gente, foi engraçado. Tivemos uma aula feliz sobre, bom, coisas de física, nada especialmente apaixonante, e depois o recreio começou e ficamos lá, falando bobagens a torto e a direito, quase derrubamos uma mesa com o yuri e eu em cima (tudo culpa do Diogo, que estava empurrando o yuri), arranjamos coisas fofas que nos fizessem felizes, imprimimos pedaços da lousa de física nos casacos e camisas,

[desculpem, esse post vai ter que ficar fragmentado, porque, por volta das 11h, eu mal conseguia manter os olhos abertos, e achei melhor ir dormir para não adormecer nas cadeiras...

A hora do almoço foi especialmente banal... Primeiro, eu e a Camilla transformamos todos em objetos de decoração, porque não valia muito a pena conversar com eles... A Veri estava muito estressada porque roubaram a carteira dela... O Charles estava se divertindo melhorando seu dia com coisas fofas (o que me traz à mente o dan ligeiamente revoltado por causa de quinta, ou quarta, quando o Cham nos mostrou a historinha do Calvin e eu disse pô, agora eu quero uma coisa fofa para melhorar meu dia, e aí o cham abriu os braço estilo 'eu sou uma coisa fofa!' e o yuri o imitou, mas eu fui fazer cosquinhas no cham porque ele é original e escreve história em quadrinhos, e aparentemente isso o torna mais legal que o Huan T'si qquer coisa que inaugurou o império chinês blah blah blah blah...)... no final, fomos achar o pessoal do Comênius às 13h45, e logo encontramos a Marina com a Roberta, depois o Artur, a Sô, a Paulinha... Anotamos nossos nomes, subimos no ônibus, e fizemos a viagem cantando músicas infantis e zoando uns dos outros... Foi bastante divertido. Chegando no ECCo, tivemos uma boa conversa com as poucas crianças que estavam lá (descontando a quarrel entre o Gilson e a Pri...), e fazer a bandeira foi extremamente divertido... Teve uma hora em que eu estava liderando um grupo, e o Yuri, outro, para pintar partes diferentes da bandeira, e como ele estava de amarelo, e eu de verde, decidimos que ele ia pintar o verde, e eu, o amarelo... Tsc tsc. Na viagem de volta eu fui para o fundão (na ida o Artur me chamara para lá, mas eu meio que achara muito difícil, ainda mais com todas as explicações e apresentações em andamento...) e ficamos lá cantando e falando bobagens, entre uma explicação/aviso/pedido/pergunta/etc. e outra... E eu tive a oportunidade de tentar calar o Tú com o pé (!) e fazer cócegas na língua do yuri (!!) (hehaha.. isso é bastante divertido, eu rio de lembrar...)
Espero que a Marina, a Rô e as outras meninas cujos nomes eu não cheguei a aprender voltem lá semana que vem, ou a próxima, e continuem vindo, porque elas são legais e porque eu gosto de gente nova no grupo...

E depois teve o teatro. Lemos o fim do Quinto Ato em voz alta, fizemos as relaxamentos/aquecimentos de costume (embora, pensando agora, não tenhamos andado ocupando os espaços vazios...), e construímos o espaço do cemitério e do mausoléu. Além disso, jogamos abjetos uns para os outros inclusive um vaso e uma bola de boliche... e delineamos vagamente alguns aspectos da peça. Eu me sinto moldando uma peça em argila: primeiro, modelamos o formato aproximado do objeto, de uma forma que mal pode-se reconhecer qualquer coisa nele, e depois tentamos fazê-lo se aproximar cada vez mais do objetivo, moldando-o inteiro cada vez mais. Só no finzinho começamos a nos preocupar com detalhes, riscamos desenhos, pintamos, e colocamos-no num pedestal...



Lendo esse escrito, alguém pode ter a impressão de que foi um dia muito legal, que eu estava bastante feliz. Bom talvez eu estivesse mesmo. Mas, por outro lado, estava bastante irritada com qualquer coisa, me sentindo ao mesmo tempo anti-social, e queendo conversar com as pessoas, ou não. Alguma coisa nesse dia não fez sentido; talvez eu simplesmente tenha me dado conta de todos os podres das pessoas nas quais eu dificilmente conseguia ver defeitos...
Uma coisa que me irritou sem motivos o dia inteiro foi, por Nix!, como as pessoas estavam falando bobagens nesse dia! Deuses!, no fim do dia tudo o que eu queria era alguma coisa razoavel para pensar... Mas vejam: o yuri passou boa parte do dia falando coisas sem muito nexo nem muito naipe, o charles, eu não o vi durante o dia todo, mas no tempo que o vi ele fez quase tantas piadas infames quanto o y, e, bom, a Clara não falou muita coisa, mas aquele "véu da morte" foi abismante...
O bizarro é que normalmente eu só riria, porque de modo geral a situação foi engraçada, mas algo nesse dia me irritou profundamente, uma irritação contida em todos aqueles olhares sérios sem resposta (nos dois sentidos), em todas aquelas frases sem ponto final...

Eu me lembro de uma vez que eu mandei o pessoa pontuar as frases. Eu não compreendia muito bem aquela escuridão na vida dele. Aquela sede.

Lendo nossos históricos de ICQ (sim, eu adoro ler históricos de ICQ.), encontro uma conversa em que ele falou sobre o mito da caverna...

— Sabe o mito da caverna?
— Que mito?
— O da caverna... de um tal Platão...
— Me conta?
— Você não entenderia, desculpa!

Isso foi em 2002, eu tinha quatorze anos, acabara a sétima série... Ele estava no segundo colegial. Eu nunca parei para pensar nas pessoas em seus respectivos anos. Estamos sempre tão presos ao presente, é difícil pensar que minha irmã era apenas uma garotinha como eu, apaixonada por um cara, complicada com sua realidade, com sua posição no mundo, acho que ela quase ainda é. Mas naquele tempo ela não era tão adulta, ela era uma garotinha, como eu. Cada vez menos.

Mas até aí, o cara não podia dirigir a moto!

[como era essa frase..?]

Eu lembro de umas coisas desse tempo de forma estranha. Quando a Talita terminou a oitava série, estávamos em 1999 e eu terminava a quarta. Mas ainda lembro daquele texto que ela escreveu, "estar na oitava série..."... "a primeira vez que atravessamos a rua sem dar a mão". Quem entrou no 1o ano não sabe, mas entrar no colegial no santa é de fato, literalmente, atravessar a rua. A gente deixa muita coisa no passado. Eu achei que continuaria com a Ação, mas não continuei. Eu também achei que continuaria no handball, que, aliás, faz falta . Eu lembro de quando eu entrei na quinta série, eu disse que "todo dia agora é sábado" e eu adorava os sábados. E que da quinta à sétima série, às vezes eu visitava meus irmãos no colegial, ia conversar com eles, procurá-los conversando com seus amigos, quase tentando roubá-los um pouco. Ou meus irmãos (quando o Gio já era 'o quartinho') eles vinham nos visitar. Era divertido.

Mas isso não vem ao caso. Não hoje. Boa noite, ratos de porão e margaridas amarelas..

Nenhum comentário: