segunda-feira, 15 de novembro de 2004

"No teu tempo, nem haverá beijos."


E aí. Eu perdida no pensamento um beijo doce como o aroma das flores que me lembram nossas avós gato-almiscarado mas um beijo que nunca aconteceu. Na tua boca, menina, ficou o gosto do leite?

Estamos aí, pra o que der e vier, nesse dia branco se branco ele for, acorda amor, tem gente lá no vão da escada mas é carnaval e as máscaras para outras máscaras são apenas mais pele colada à carne dessa alma errada.

E formigas, milhares delas, andando pela parede em ritmo de velório!

No teu tempo nem haverá beijos.

Certo, não, que diferença de importância há entre passar no vestibular e beijar um amigo? Todos os meus amigos me rodeiam, estou no centro, todos eles têm rosto mas de certa forma eu preferia que não tivessem. Será que quem não tem rosto sofre mais por não poder chorar? Sabe a dor é uma coisa boa. A dor é a consumação do risco. E sem o risco, a vida não vale a pena.

Eu queria não ter dito tudo o que eu já disse, pombas. Mas já disse. Ficará o gosto d'alguma bebida exótica? Acho que não, que bebida seria mais ou menos exótica que o suor da tua face, gato-almiscarado, tigre, urso, leão, rato? A morte, que sugou o mel dos teus lábios, ainda não conquistou tua beleza. Ainda assim, tua beleza me atrai pouco. Perdida no fluxo de um sonho, Rainha Mab, Rapulzel. Nenhum deles tem rosto.

Ele sabe que eu posso dar-lhe tudo o que ele quer. Mas ouso dizer que ele quer demais. Todos querem. Só que ele eu quero quase tanto quanto. Isso é tão errado? O amor, também, é sem importância. Eu te amo porque te amo, não precisa ser amante. Entretanto o calor de tua face queima minha água e minha sanidade. Escolhi ser insana. Escolhi não sofrer? Os beijos, também, não são importantes...

Eu queria que tudo desse certo
Eu ouvi a Camilla cantarolando "A Lenda do Pégaso" e por um momento achei que ia dar tudo certo (ô música mágica...) Mas não sei, linhas, olhos, bocas, lábios com gosto de pólen, a morte espreitando um baile carnavalesco. Uma revoada de pombas brancas,

Eu quero uma liberdade qualquer que não sei se existe.

Mas vai dar tudo certo, tudo certo... Boa noite, liriidas!

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