quinta-feira, 9 de setembro de 2004

Deixa Eu Cantar

[um post em três cores de um terço de lobita]

Bom dia, meus caros leitores! Como vão todos?
Do sumo da minha alma para o papel... escorrem gotas de um sangue vermelho. A dor, a confusão, o medo, o mêdo, o mêdo... Mas mêdo de quê?! A alegria pura e virgem se perde, meus pensamentos se confundem, eu juro para mim mesma um amontoado de significados sem palavras... mas aí lembro, lembro que tudo é tão...
Eu tô feliz! Feliz!
Hoje pensar em você me faz chorar.
Acordei de tão bom humor, pensando em repetindo aquelas palavras que eu queria lhe dizer... mas a frase, as frases, a a que mais repetia (devo tê-la proferido umas quinze, vinte vezes) foi que estava extraordinàriamente feliz; "estou exultante, exultante"(e ria só de pensar nessa palavra) "extremamente feliz, viva, como que encontrei meu lugar no mundo, nos seus olhos, seus olhos"...
Rasgo meu peito, uma dor de sangue, a faca sutilíssima, a corda...
WAAARG!!
Olho pela janela a noite escura que me aguarda lá fora... Lá fora...

"Lá fora
apitou o navio
Apitou mas não pode parar...
É que a barra
'tá toda tomada
pela marujada de Martin Parangolá"


Umas coisas estranhas passam pela minha cabeça, na alegria do meu bom humor...
Eu acabei não fazendo o trabalho de história. Mas eu comecei, e agora ele ficou lá, com cara de trabalho começado, pedindo, implorando para ser terminado. E eu quero terminá-lo. Realmente quero. Mas estou vendo que não vou. Não até alguém de fato querer que eu termine. Até alguém me fazer terminar. Porque eu não vou achar motivo!
I feel like a Queen Bee... You know that feeling, that bizzarre feeling, that your friends are starting to like you in ways you just cannot aff... afford. I remember the last time I felt that, it was... horrible. I hated it. But I can't hate it: I'm just a girl, I'm human, of course I want them to like me, to love me, to tell me I'm beautyful, to hold me and hug me and... what... ... ... ?...
Hoje pensar em você me faz chorar...
NA escola, na rua, o dia inteiro, uma falta, é que eu queria você, só você, seus braços, seus lábios, seus olhos; seu côrpo inteiro!
Eu já expliquei que gosto das pessoas com a barriga? Sim, com a barriga. Eu abraço as pessoas com a barriga. Eu sinto as pessoas com a barriga (as delas e as minhas), pela barriga. O ventre, o dentro, onde todas as coisas importantes acontecem; onde os bebês são formados e os pedaços de carne que tão ávida e sangüinàriamente devoramos se desfazem em moleculinhas cada vez menores...
"O ser humano é estômago e sexo."
Mas sabe o quê? Não importa. Minha barriga quer barriga, quente, muito quente. Fome. A barriga fica quente quando tem fome.
Ai, que hoje é só dizer o seu nome, já me afloram nos olhos, tanto sal, uma torrente gelada-quente, lágrimas, e esse gosto salgado é o docílimo néctar, lábios com sabor de pólen, seu coração batendo, da divindade humana, meu anjo guardião, minha criança explodindo dentro de mim em risadas, gargalhadas e lágrimas exultantes, das cálidas gotas que sorvo sem motivos para não sorrir...
I close my eyes. I feel like poligamic, y'know? As if I'd have many boyfriends at once. That'd be awfull... Not that I've ever had any, but I can guess what it feels like... And I do know. The thingh is, I don't want to love anyone else. It doesen't matter if I do have to contain meself not to take his hands on mine, not to sleep on his shoulder... In the end, it's your arms I long for..
Heck, why am I writing this in english? Is it only because I'm ashamed, I'm afraid, I don't really want anyone to read it?
"The wind blows with a thousand voices,
it passes by the bridge and me..."


No fundo do peito, uma voz que cála. E eu rio. Não há o que se fazer. Fui mal nas provas todas: química, filosofia. Pobre Claúdia. Talvez vá mal em história também. Tenho OBF no sábado. Tenho mais o que fazer. Mas eu paro para pensar, assustada com o fato de que você é o primeiro pensamento que me ocorre. Primeiro seus dedos, depois seus olhos, depois o côrpo inteiro.
Me abrace, me dê um beijo
Faça um filho comigo
Só não me deixe sentar na varanda
na manhã de domingo, domingo...
Hoje só sua existência me provoca uma explosão incontida, esse gosto de sangue, de suor. Na minha mão está escrito que eu o amo, ou que você me ama, ou que todo o mundo... O porquê eu não sei, é tudo confuso, difuso, uma explosão de luz; eu não ousaria pôr palavras na sua boca, mas movimentos na sua mão, que me toque, me abrace, me ame... Pois amo -- a você apenas, e a mim, e a qualquer coisa indefinida que esquenta minha barriga, um coração cheio de sangue salgado -- o amo pela barriga, pela carne, meu sangue azul, cálido, salgado, divinizado por sua existência.
Páro, admiro minhas próprias palavras marcadas num papel bastante branco. Eu não sei. Parece até que estou apaixonada. Não, antes eu não estava. Antes era só amor. Ou antes não era nada.

"Lá fora, amor,
uma rosa nasceu
todo o mundo dançou
uma estrela caiu...
Eu bem que mostrei, sorrindo
o sol na janela, ói que lindo
e só Carolina não viu..."
Estou começando a me entediar comigo mesma, relendo os textos, os assuntos sempre iguais... Só que perdi a capacidade de me entediar: em tudo posso ver, clara e imperguntàvelmente, a beleza obscura do sangue que jorra, da lágrima que corre, da flor que se despetela, da folha que cai. Em tudo enxergo pássaros de lindo canto, fórmulas de perfeita e harmônica precisão, o ruído devorador da pena metálica se arrastando pela superfície da folha branca, pura, virgem... .. . .. ... .
Estou com sono. Estou com sono mas não quero dormir. Se eu dormir, corro o risco de não sonhar com você. Por outro lado, quero dormir. Se eu dormir, quem sabe o dia de amanhã chega mais rápido?
"Nunca mais as noites foram tão boas quanto os dias que a elas se seguiram..."
Hoje, mas não apenas hoje, essas lágrimas escorrem por meu peito que bate sem sentido, o ser humano é estômago e sexo, o ser humano é líqüido, é sede, o melhor da vida, eu te amo, eu te amo, euteamovocê...
E ainda acho que rio. Não consigo não estar feliz. É verdade, estou exultante. Exultante! Apesar de todo aquele medo que me incomoda... Dessa vez, não é medo de você. É medo dos outros. De mim. Não sei. Do sangue que pulsa, que -- AAARGH! -- do sangue, o sangue. E quero que você me proteja... Quero que me segure. Mas pode apenas olhar para mim.
"Quero que você venha comigo...
e quero que você me dê abrigo..."
No final, não tenho saída além de ser feliz. Não posso não ser feliz. Não posso não ser livre. Mas não quero ser livre realmente. Quero a liberdade que eu puder ter. Ah, sei lá.
[retirado de um escrito de 8 de setembro de 2004 -- vulgo ontem...]
Como eu já disse, estou com sono.
Muito sono.
São dez e meia, e eu acordei à três e meia da manhã.
Estou acordada há dezenove horas.
E cantando!
"Everythingh I do, I do it for you..."
E aí, então... Boa noite e bons sonhos, minhas estrelas cadentes... Até o dia seguinte!

"Deixa eu cantar
para tudo ficar odara
Minha cara
minha cuca ficar odara
Deixa eu cantar
Que é p'ro mundo ficar odara
P'ra ficar tudo jóia rara
qualquer coisa que se sonhara
canto e danço que dara..."





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