Resolvi escrever isto aqui em parte por causa de um comentário que a Tá deixou, dizendo que gostaria de ler o que eu escrevo. Na verdade, eu tenho tentado escrever algumas coisas, não necessariamente histórias definitivas mas rascunhos e anotações para o futuro. Meu último projeto é escrever sucintamente tudo o que eu consigo ver da história que eu chamo de Soule V, a história de Marwa Macally e de todos os que se envolveram com ela no Hatsw. Essa Saga surgiu quando eu tinha uns onze ou doze anos, a partir da minha paixão por video-game e talvez da influência de Tolkien e dos caras da Exodus. Por muitos anos eu evitei descrevê-la porque sabia que eu não tinha a capacidade de cantá-la tão épica quanto ela merecia, ou porque eu não conseguiria descrever decentemente os cenários e os personagens. Depois de um tempo, eu decidi que não podia realmente contá-la por causa do seu conteúdo: porque era uma Soule, ou seja, os personagens eram em grande parte variações de pessoas reais, especialmente eu e meus irmãos e amigos mais próximos; e porque começava como um jogo de video-game e depois se tornava um épico sério e intenso. Passei anos da minha vida tentando encontrar uma forma de adaptar a história para que ela pudesse ser contada para qualquer pessoa. Esta semana, porém, decidi que estava me preocupando com as coisas erradas.
Acho que o mais importante é escrever a história, agora. Se eu puder escrever a história de Marwa, então poderei contar a história de Aragorn Scorpes, de Jolyn e de Idael. Poderei compreender como o Hatsw funciona e aplicar esse conhecimento em outras histórias passadas no mesmo cenário. De repente o video-game não me parece mais uma forma tola e infantil de começar um conto. Afinal, Nárnia não começa com crianças brincando pela casa? Meu conto pode ser menos infantil que Nárnia, mas ainda será lido por pessoas que gostariam de passear por outros mundos de qualquer forma que fosse, assim como eu. Eu quero escrever para essas pessoas, esses meus irmãos de fantasia. Eu quero expôr minha alma para eles, e pedir sua solidariedade.
Ontem um esquerdista vendendo jornal conseguiu atrair meu interesse e me fez descrever minha história como "sobre pessoas tentando encontrar seu lugar no mundo". Sejamos dragões ou executivos, não queremos todos a mesma coisa?
Por fim, eu escrevo para dizer que você pode ler o que eu escrevo, Tá. Parte do que eu escrevo está neste blog, no label La Cantadora. Outra parte eu posse contar a quem pedir. Algumas coisas me deixam um pouco perdida, como por exemplo a personagem que é irmã mais velha da protagonista e que em breve entrará na faculdade e terá pouco tempo para jogar com ela. Outras coisas me empolgam, como, por exemplo, o filho de meu filho. Tenho ao mesmo tempo vergonha e orgulho do que irei contar, mas se me pedir com vontade suficiente, eu contarei tudo. É claro que há partes que eu preferiria não contar por uma questão de surpresa, mas me peça para eu guardar a surpresa e eu guardarei.
Eu quero aprender todas as línguas, porque de alguma forma me parece que a verdade está nas palavras.
2 comentários:
Engraçado, já abandonei histórias por motivos parecidos, já criei histórias com origens parecidas. Nunca contei a coisa toda pra ninguém, porque eu achava que de alguma forma elas iam acabar aparecendo, e no final eu ia poder mostrar pra todo mundo no que é que eu tava pensando esse tempo todo, sem ter que ficar dando meias explicações sobre coisas que eu ainda não entendo.
E mais engraçado ainda é que recentemente eu de fato encontrei um primeiro passo pra contar todas essas histórias que eu tirei do mundo que eu vivi, e abandonei por uma falta de capacidade que eu mesmo inventei.
De novo eu me pego achando que eu devia conversar mais com você, talvez minha história te interesse, talvez seja bom pra mim contá-la. Eu sei que a sua me interessou.
Você ainda tá na FAU?
Mali,
Pode escrever. Vou ficar esperando o primeiro rascunho do primeiro capítulo. ;)
Não se preocupe com as coisas que dão vergonha, foque no orgulho, e lembre que as pessoas nem sempre vão julgar, ou enxergar, tudo o que pensamos que vão. E se tiverem uma visão limitada, paciência. É como o conto que escrevi sobre a menina que se afogava. Todos leram como se fossem minhas lembranças reprimidas, trataram como algo terrível e pesado, mas eu mesma tinha escrito tranqüilamente.
Bom, é isso. Sem vergonha, que vergonha não leva a nada. :)
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