domingo, 13 de agosto de 2006

"Agora eu lembro porque eu tenho que dizer que te odeio"

As aspas são porque o que eu ia escrever não tem nada a ver com o que vou escrever.

Estou triste... Eu sei que essa tristeza vai embora quando eu sair lá fora e ver o céu azul, mas isso não me deixa menos triste agora... Não, me deixa ainda mais triste, porque tudo parece tão sem sentido... E nem posso te culpar...

Este ia ser um daqueles posts em que eu tento explicar prà minha mãe porque ela não pode me dar conselhos... Era um texto bonito, eu ia me orgulhar de escrevê-lo; daqui há um ano eu ia estar lendo posts antigos e pensaria "que post bonito" e ia me orgulhar de mim. Eram palavras bonitas, bem colocadas, quase um poema - mas não era verdade. A culpa... a culpa não é sua...
A razão dos seus conselhos doerem tanto, não é só que eu acredito em qualquer coisa que você disser. É que eu já estava pensando naquilo antes. O tempo todo. Eu fui assim, me perdendo por entre olhares cativantes, e quando cheguei no olhar dele apenas havia um companheirismo que eu queria reconquistar... Pra você talvez não faça sentido, mas você nào sabe a história toda, mãe. Nem eu posso te contar...

Olha, hoje eu acordei de um sonho estranho. Foi como uma adaga sem fio entrando no meu peito. Hoje acordei chorando. Com raiva, de mim, de você, de todos. Agora também eu não estou dizendo a verdade, porque eu sei que não foi apenas carência que me fez fazer o que fiz. Se fosse, eu teria que acreditar que eu cometi um grande erro.
"E quado eu digo grande erro eu quero dizer um erro imenso
Um erro tão monstruosamente grande
Que me faz me sentir tão insensível
Quanto Mara, que matou seus dois amores
Que matou seus dois anjos com as próprias mãos."

Hoje eu acordei e pensei que não estava feliz. Que aquilo era apenas tranqüilidade, era apenas contentamento. Hoje eu acordei chorando. No meu sonho, a Clarinha ria porque eu e o Charles não conseguíamos explicar pra ela a história da China, enquanto subíamos nas rochas pela praia. No meu sonho, um navio maravilhoso era levado pela tempestade até dentro da caverna onde tentávamos nos esconder, e quase nos esmagava. Todos iam embora pela tempestade, saindo temerosamente da caverna segura. A Lori ria, quando na caverna vazia uma onda mais forte me jogava em cima de você. Mas você não era quem eu esperava...

Você disse que o melhor talvez fosse o mais difícil. Mas não é apenas difícil, mãe, é praticamente impossível, insuportável.

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