domingo, 8 de maio de 2005

Visão de Mundo

"Welt é mundo, e schauung é olhada, por isso Weltanschauung deve ser algo como olhada no mundo" - Mamãe

Há mais ou menos um ano, numa bela manhã cujo sol podia ser apreciado pelas amplas janelas da sala 4, nossa insubstituível professora de Filosofia (com Fi) nos deu uma intrigante lição de casa: que escrevêssemos um registro de nossas respectivas Weltanschauungs e colocássemos num envelope que só seria aberto cinco anos depois.
Eu não fiz isso, é claro. Na época eu simplesmente esqueci ou achei que os escritos neste blog ou nos meus diários seriam registro suficiente. Mas preciso reconsiderar minha escolha. The universe is shouting.

A verdade é que eu mudei muito desde aquele dia. Cresci. Amadureci, talvez. Em verdade, fiz muita coisa: participei de diversas competições, as quais de modo geral não me deixaram especialmente feliz ou triste; fui a inúmeras festas nas quais dancei enlouquecidamente; aprendi, numa festa dessas, que a dança se torna melhor e mais compensadora quando se tem um par; vivi intensamente meu primeiro amor, apegando-me a disputas irreais e verdadeiramente tolas; assisti e fiz teatro com alegria e prazer inexplicáveis; discuti temas dos quais notavelmente eu não sabia nada; chorei por horas sem saber o que fazer da vida; tentei me apegar a um mundo de mentiras e aflições e ilusões; senti muita raiva; senti muito medo; senti raiva de quem me fizera ficar com medo; reconheci meus amigos como verdadeiros; cantei músicas novas; dei meu primeiro beijo intencional; senti ciúmes; quase morri, e evidentemente não aproveitei uma oportunidade maravilhosa, por saudades; menti; feri; contrariei minha natureza (coisa que a Ana Maria Bruner nos tinha aconselhado não fazer); sofri dores que não eram minhas; etc.

Talvez se eu realmente tivesse descrito minha Weltanschauung naquele tempo, poderia notar claramente como ela fazia mais sentido do que esta que tenho agora, e que quase não existe. Mas pelo menos agora minha ortografia está melhor.

*suspiro*

E a verdade é que a vida se faz entre perdas e ganhos. Claro que em maio da 2004 eu não diria isso, mas é. As viagens... bom, às vezes são maravilhosas, às vezes são mais ou menos, mas acho que, boa parte das vezes, as melhores viagens são também as mais sofridas: dor de garganta e saudades (essa acompanhada de solidão, é claro) são o tipo de coisa que eu sempre associo a viagens absolutamente maravilhosas. sim, absolutamente. Ou festas: a festa da Amanda, por exemplo, foi fantástica. Aprendi que dançar é mais que a música, é também uma espécie de conversa entre almas. Entretanto... entretanto me lembro de fugir do meu par, e procurar meu amor, que muitas vezes sequer olhou para mim.

Por outro lado a viagem para a fazenda Gávea foi muito boa. Afora o fato do próprio Charles muitas vezes se excluir do grupo pra ficar lá longe, lendo, não consigo me lembrar de coisas ruins nessa viagem. Aliás foi nela que comecei a chamar bis (o doce, por favor) de giz. Acho que algumas coisas não abedeçam a esse princípio em absoluto. Talvez essa viagem, assim como aquela para Guadeloupe, sejam para balancear outra derrotas na minha vida. Mas não importa. Não importa porque estou feliz por exemplo pela Veri. E pela música.

Eu menti.


Estou um pouco consada de mim mesma. Tenho a impressão de que não falo francamente, e isso me incomoda. Queria voltar atrás, voltar ao tempo em que eu era incapaz de mentir. Provavelmente o tempo em que eu era sincera de verdade. Mas, por outro lado, eu nunca falava nada. Ninguém sabia quem eu era de verdade. Hoje em dia as pessoas sabem, mas não me sinto melhor. Às vezes eu queria que o mundo parasse de me fazer perguntas...

Eu queria poder ficar em silêncio. Não falar nada. Não precisar falar, nem escrever. Queria não ter perguntas a responder, e me comunicar apenas com o olhar. Assim quem sabe convenceria o mundo que é possível pensar sem usar palavras! Esquecer de tudo e descançar, acho que tudo o que sempre queremos é descançar!

Engraçado, há uns cinco meses tudo o que eu queria era que o fim de semana acabasse para eu poder voltar ao campo de batalha...

A momento of peace, my darling, that's all I want now...
Cansei das batalhas, e quanto ao resto, vocês têm razão: sou uma pessoa sem sonhos, sem ambições. Não vejo nada no futuro porque não tenho planos. Meu universo é um grande vazio... e eu no centro.

Mas tudo bem, porque nós ganhamos de 3 a 1 e eu joguei muito bem no gol... Sabe, se eu não achasse que é mister ser habilidosa para isso, quereria ser jogadora de algum esporte de bola para o resto da vida. Eu realmente pensava nisso quando praticava basquete no Pinheiros. Pode parecer estranho, mas sempre foi o que mais me fez feliz no mundo... Depois, talvez, de conquistar, de encontrar meu amor, é claro...

Mas pra falar a verdade, estou um pouco cansada das batalhas pelo mundo...

"Eu quero a sorte de um amor tranqüilo
com sabor de fruta mordida
Nós na batida
no embalo da rede
afogando a sede na saliva..."

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