quinta-feira, 24 de maio de 2012

Alarara/En Passant

"Somos do mesmo sangue, tu e eu"
Um dia eu acreditei nessas palavras
Mas o tempo passou e tudo mudou tanto
Será que todo mundo se sente como um extraterreste?

Quando eu era pequena, várias das minhas estórias começavam com ir para outro mundo. No outro mundo, eu era uma rainha, uma princesa, uma guerreira, uma heroína (ou talvez vocês fossem entender melhor se eu dissesse um Rei, um Príncipe, um Guerreiro, um Herói). Eu era descendente do Povo Antigo, escolhida pelos Guardiães, meu Destino era proteger o meu lugar, where I belonged.

Or do I belong there still?

Com o tempo, eu comecei a entender que se eu descendia dos Grandes Reis, só podia ser através de meus pais. Eu não poderia abdicar da veracidade da minha família, então meus irmãos, meus primos e às vezes até gente adulta começaram a aparecer nas minhas aventuras. Meus irmãos vinham para o Mundo comigo, eles eram grandes Líderes, tinham conhecimentos e habilidades que eu não tinha, e eram valorosos rivais, aliados ou inimigos. Mas fatalmente, dado alguns anos no Mundo, eles acabavam voltando para o mundo real, ou eles se envolviam com os seus próprios problemas, e eu acabava ficando só com os meus amigos de Lá, vivendo aquelas aventuras muito pessoais, construindo uma história e uma família que...

Depois, resolvi voltar para o mundo d'Aqui, mas sei lá... Eu quiz trazer meus amigos comigo, mas não sabia como apresentá-los à galera. E como explicar para minha mãe que eu ainda a amava, mesmo depois de todos aqueles anos? E como explicar que eu não era a mesma pessoa que havia saído daqui? Como explicar o que eu era? E quem eu era afinal?
Meus irmãos entenderam algumas coisas, e eu com muito esforço de ambas as partes consegui explicar uma ou outra coisa a alguns homens apaixonados (ao longo dos anos). Mas eles se afastaram (enfim, nós nos afastamos) e, bom, tantas vezes foi tão difícil traduzir as palavras de Veraki, Hatsi e Zaty para a língüa dos humanos...

Enfim...
No fundo, eu voltei para casa e tentei lutar a luta pequena (ränaki), a lida de manter a casa (honaki?) e viver a vida (maaki?). Afinal, a outra eu estava tendo um filho, e ensinando crianças. E tal. E eu estava determinada a conviver com pessoas, pra variar.

"Somos do mesmo sangue, tu e eu."
Mas nós não somos nem do mesmo mundo! No fundo, eu fui criada meio em Ziget, e eu sou meio Zaty. Por dentro, por dentro, por dentro.

Será que todo mundo se sente um extraterrestre? Será que cada pessoa veio de outro planeta? Ou será que sou só eu?

Eu estou começando a esquecer as minhas palavras... E me dói isso, eu entendo a dor de quem não pertence a lugar algum.

Será que todo mundo se sente um extraterrestre?

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Oises.

So then,
we'd better stop.
But I can't stop... I can't stop...

Descobri ontem que eu gosto muito de ler em voz alta. Gosto especialmente de quando eu leio alguma coisa e você ri. Ou quando eu desperto em você alguma emoção. Ou quando você fica bem quieto esperando a próxima frase. Ou quando seus olhos se perdem sobre mim.

Descobri ontem que minha vida é razoávelmente cheia pra caralho. Que eu tenho um casaco bonito. Que eu sinto sua falta.

Eu estou sempre reclamando da falta de tempo, mas é tão mentira! Porque quando sobre tempo, eu me irrito muito mais. Então, um brinde à falta de tempo! Vamos celebrar nossas vidas cheias de conflitos e desafios, vamos celebrar nossas ambições e nossos sonhos e nossa necessidade de estar sempre no meio da tempestade, provando nosso valor.

Sköl!