segunda-feira, 26 de julho de 2010

Principalmente Nãos

Àqueles que ainda me procuram
Eu não sei
Não estou mais aqui
Ou estou e sou um vago viajante que se perde na bruma das trivialidades
Estou me afogando em amor e amar e sentir e viver as coisas mais simples da vida

Comer quando se tem fome
Comer quando se tem fôme

Àquele que me procuram,
Eu não estou mais aqui
Eu sumi, e agora eu voltarei ou não independentemente da sua busca.

Um dia eu fui uma lôba
Eu caçei, eu fui caçada
Eu tive fôme e corri debaixo da lua
Eu vi o mar e sonhei conquistar o mundo
Eu quis caçar e odiei cada segundo de fôme entre quatro paredes
Depois eu passei mal, e aí veio a Grande Fome

Ultimamente eu tenho tido tanta, mas tanta fome.
Dormir quando se tem sono
Comer quando se tem fome

Àqueles que ainda me esperam
Esperem um pouco mais
Àqueles que muito me querem
Não queiram tanto me ter, eu não sou uma coisa de ter-se
Queiram me ver de garras bem afiadas
Queiram-me bem
Àqueles que ainda me amam...

Tenham um pouco de paciência, eu volto um dia.
Eu volto quando eu souber o que fazer do amor.

Dormir quando se tem dono
Comer quando se tem nome

Estou doente, de corpo, de coragem, de coração, de mente, de confiaça
Sinto a doença se espalhando por mim, envenenando todas as minhas atitudes
Um dia eu tive uma diarréia com vômitos e eu estava no banheiro me desmilingüindo e pensei "Então é isso que é morrer uma morte ridícula?"

"Eu me recuso a morrer uma morte ridícula!"

E eu me arrastei até a cama de minha mãe e pedi por uma salvação
Até hoje quando estou muito muito muito mal eu penso comigo mesma

Eu me recuso a morrer uma morte ridícula.
Eu vou dormir, porque eu tenho sono
Eu vou comer, porque eu tenho fome
Mas amanhã eu vou acordar e enfrentar o mundo, apesar da doença.

Correr, quando se tem mêdo
Correr, quando se tem chão

Eu fui uma lôba um dia
E cada dia era perfeito.
O mundo era feito de caças, de pedras, de gigantes

Um dia eu estava na praia e pensei, e se a verdade estiver aqui, nestas tartarugas?

Amor, me leva pra caçar?

Aí eu me enrolei nos lençóis, enfraquecida e derrotada.

Eu tenho fôme.
Eu tenho fôme!
Eu! Eu! Eu!
Ninguém ouviu:
Eu! Eu! Eu!
Ninguém tinha os ouvidos pra escutar.
(Eu!)

E eu adormeci chorando.
(Me abraça. Faz a dor passar.)

Àqueles que me procuram...
Não estou achando, também.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Sem saber

Pra falar a verdade acho que ninguém mais se importa com o que eu escrevo sobre os meus pensamentos íntimos sobre a vida. Mas eu continuo mesmo assim? Ou talvez eu só sinta que ninguém se importa porque eu me sinto mal por não ter mandado aquele sobre desenhos que o Márcio pediu e eu realmente queria escrever, na época. Ainda estou com ele no drafts. Mas, sobre isso, é estranho, eu nunca falo sobre o Márcio mas por muito tempo sempre que eu escrevia eu imaginava ele lendo. Acho que eu escrevia metade pra ele. Sei lá.

E agora a gente vai pra Paíba, há que se ir para Paúba, ver o mar e o vento, jogar conversa fora, mas hoje eu tão não queria viajar, eu não queria fazer porra nenhuma, ultimamente tudo tem parecido tão fora de lugar. Recebi um e-mail chamando pra sair, pensei que droga que hoje eu vou viajar, mas pensei depois, se eu não tivesse que viajar eu não estaria aqui disponível para sair, eu estaria em outro lugar, com outra pessoa, talvez a grande técnica que eu preciso aprender na vida seja essa de estar disponível, quando tudo o que as pessoas ao redor querem é me reservar com antecedência, e eu me sinto tão indisponível porque sempre tem algum compromisso, algum combinado, eu nunca posso realmente parar e pensar, nossa, o que eu quero fazer agora?

Que saco. E quase sempre tudo é um sacrifício mas eu tenho uma escala de prioridades, pena que ela deixa todo mundo que importa desconfortável! E eu vou organizando a vida em grupos, a turma do Santa, a turma do RPG, a turma do Márcio (quem cunhou esse nome? o márcio foi o penúltimo da turma que eu conheci!), a turma da física, a turma do Bairro... e cada vez mais as pessoas se perdem e se desencontram, e eu tenho a sensação forte de que quando o semestre começar e eu não voltar pra Usp eu vou ficar tão louca que eu vou fugir pra, sei lá, timbuktu.

Na verdade esse pensamento me deixa tão apavorada que eu tenho vontade de dar meia volta agora mesmo, fazer a matrícula, dizer foda-se pro vestibular, eu tento transferência ano que vem, tudo pra chegar agosto e eu poder voltar pra casa. Como estou odiando estas férias! E como me irrita a idéia de que eu poderia ter evitado isso tudo se eu fosse um pouco mais responsável!

Que desespêro!

E ao mesmo tempo eu quero ir pra Paúba, eu quero viajar, só me deixa tão insegura essa história de sair de São Paulo, de sair pra longe de quem eu quero mais perto, de quem eu não consigo de forma alguma evitar querer, e ficar mais uma vez sem muita forma de voltar, de controlar meu próprio destino, como me desespera não conseguir pegar a vida nas mãos, dizer não mesmo ao que eu quero só porque eu sei que vai me limitar, é a festa no btco tudo de novo, o mêdo de estar num lugar sem ter como sair, não importa que está divertido, agora eu estou morrendo de mêdo de chegar lá e querer sair. O que estou fazendo? Por que prometi ontem ir np RPG? Por que prometi ir pra Paúba? Eu devia dizer não a isso tudo. Só fazer o que estivesse dentro do meu poder. É claro, talvez isso me levasse a nunca fazer nada legal.

Mas eu faço isso porque eu precisava encontrar a turma do RPG, eu sentia falta deles, e porque eu curto parar pra conversar com essa turma de Paúba. E sexta eu fui pra Itu porque eu quero conhecer mais a turma do Bairro, e um mês atrás eu queria ir na festa da física porque eu quero manter os laços com a galera de lá, e provavelmente eu toparia qualquer programa com a turma do CM porque eles parecem estar sempre escorregando por entre os meus dedos.

Se pá todas as minhas inseguranças se resumem a eu não ter nenhuma renda e estar indo viajar imbecilmente, e eu estar me propondo a passar um semestre sem fazer o que eu mais gosto que é viver na usp. Eu não sei muito o que fazer de mim. Quem sabe um dia eu aprendo.

Por enquanto, eu vou cumprir a promessa e ir pra Paúba, porque é tudo o que eu posso fazer.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Hm

Descobri que minha vida perde completamente a estrutura quando eu fico doente, desanimada e carente. Minha vida faz sentido e tem lógica quando eu consigo ficar de pé, dançar, atravessar a cidade, dar uma festa. Minha vida faz sentido quando eu corro pelada pela noite, quando eu uivo pra lua enquanto viro lôba. Minha vida faz sentido lá fora, na rua, explorando, rindo, caçando. E de vez em quando minha vida faz sentido papeando até tarde na casa de uns amigos.

Hoje, quem eu sou? Quem você é? Eu não quero te ver nem eu quero ver ninguém. Eu queria estar na praça do relógio, eu queria estar fazendo alguma coisa, mas está chovendo e eu estou doente e eu não vou sair de casa porque está tão tarde e eu vou dormir cedo e eu vou dormir sozinha, e eu não vejo graça em nada, e eu não amo ninguém, e quase tudo o que eu penso me irrita.

E no final tudo volta a você. Eu lembro de uma conversa que a gente teve, mas no fundo eu nunca vou poder te ter, te conhecer. Quanto mais eu te tenho mais me parece que você escorrega dos meus dedos. Não, sou eu que escorrego. Sou eu que me perco nisso que eu já não sei o que é. Quem eu sou? Eu penso em pessoas que eu gostaria de ver mas não quero falar com elas. Me parece que estou sempre me expondo tanto! Então hoje eu vou ficar sozinha. Eu vou chorar sozinha. Espero que amanhã eu esteja melhor e possa conquistar o mundo outra vez.

Quem nós somos?

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Acordar

É tão estranho e sozinho acordar sozinha. Olho ao redor e vejo o frio, o vazio, qual é o sentido disto tudo? Minha garganta dói, meu coração dói, eu sinto o frio entrando e me preenchendo, o que é isto que entra e me preenche, que faz minha garganta arder, que me faz estremecer, o que é isso que eu vinha esquecendo como é ruim, isso que não existia quando eu tinha um corpo vivo enflamando o ar ao meu redor? O que é isso que é tão doloroso e que torna tão assustador sair de debaixo dos lençóis, e tão igualmente desagradável ficar aqui pra sempre?

É tão estranho e errado eu acordar aqui e assim, longe de casa, longe dos meus sonhos, longe de vocês, longe de tudo o que dá sentido à minha vida. Eu acordo e penso 'que porra é essa, o que estou fazendo aqui, quem sou eu, quem me deu o direito de acordar?' e ainda mais sozinha; eu acordo e penso o que estou fazendo, porque não estou trabalhando, ganhando a vida pra pagar os meus passeios, os meus amores, aquela viagem, a festa de sexta, uma casa onde eu possa morar de verdade onde eu não me sinta cada vez mais uma hóspede? Eu fecho os olhos e tento lembrar pra que serve tudo, por que eu posso viver, como eu consigo agüentar a culpa de viver à custa dos meus pais, eu fecho os olhos e tento me levantar, será que existe ordem suficiente na minha vida pra eu fazer alguma coisa hoje?

É tão estranho e desesperador sair da cama neste frio, ver o sol lá fora e não lembrar pra quê serve o dia estar tão lindo, tenho uma viagem pra fazer e não lembro por que quero ir, eu lembro dos meus amigos que estão aqui e como eu quero estar com eles pra sempre, mas algo em mim diz não, algo em mim diz, you don't get another chance to show them that you love them, e eu tento me programar pra deixar a minha vida e ir pra Angra, pra deixar os meus amores e ir pra praia, pra largar os meus programas e ir prà ilha, pra esquecer o mêdo de perder chances, e ir pro mar. Meu coração aperta e eu digo, 'acho que vou amanhã'. Uma parte tão grande de mim está tão nervosa, mas eu repito pra mim mesma, 'you won't get another chance. give them all you can'.

...é tão estranho acordar e não te ter ao meu lado e sequer saber se te terei hoje, ou amanhã ou depois, e eu sinto que eu daria tanta coisa por você às vezes, mas hoje eu acordo e saio relutantemente da cama e vou tomar banho (sozinha) e vou tomar sol (sozinha) e pego a Flor no cólo (sozinha) e volto pra almoçar (sozinha) com a família. E (é tão estranho) eu sei porque estou sozinha e eu sei que opções eu fiz mas não consigo entender por que, porque ontem tudo fazia sentido quando eu tinha a tua voz no telefone, quando eu disse boa noite e soube que eu ia dormir sozinha, ontem tudo fazia sentido mas hoje tudo parece tão fútil, porque nada do que eu faço agora faz, eu espero, espero, espero, eu espero um futuro que não chega, quem sabe em um, dois, cinco, dez anos ele chegue, eu sonho tanto e tanto almejo, mas cada dia é uma tortura quando eu não posso olhar nos teus olhos e confiar que eu estou fazendo o que eu posso, que eu não tenho outra opções, que tudo vai dar certo.

Hoje eu vi a minha média de E.D., 8.6, e pensei, até que é bom, mas será que isso serve pra alguma coisa, será que o que eu quero dessa média não é algo que eu só conseguiria a partir do 9.5?